A relação entre o brasileiro e a cultura do país

A negação da própria cultura é um absurdo, porém vista de forma natural pelos brasileiros. A explicação para isso é o fato de o país ter nascido da ruína de diversas etnias, portanto, a repreensão cultural foi ensinada desde 1530, assim como a exaltação da Europa. Na época haviam duas opções: aceitar as novas normas e costumes ou não os acatar e manter os seus. Escravidão seria a consequência da primeira e perseguição seguida de morte da segunda. Cria-se assim um grande dilema sem solução. Ainda assim, o medo é o melhor controlador do ser humano e o preconceito social é uma das coisas mais difíceis de desconstruir.

Consoante à intolerância contra os hábitos indígenas, com a chegada dos africanos e de suas bagagens o processo repetiu-se. Apesar de todos os povos que chegaram ao Brasil na época de escravidão serem disseminadores de grande parte do que é considerado tradicionalmente brasileiro, inicialmente muitas de suas práticas eram má vistas, como o samba. Verifica-se que atualmente o desprezo se mantém quando, por exemplo, a palavra “macumba” é frequentemente utilizada para designar religiões africanas. Ademais, o Código Penal de 1890 criminalizava a capoeira e até os batuques, refletindo a permanência da rejeição da própria cultura.

Tampouco os intelectuais de 1922 escaparam desse estigma. A Semana da Arte Moderna, evento inspirado nas Vanguardas Europeias e caracterizada por um aspecto nacionalista não ufanista, refletiu bem o resultado da luta pela arte genuína do país. Houve, por exemplo, a interrupção da declamação de “Os Sapos”, de Manuel Bandeira, que fazia uma crítica ao parnasianismo, um movimento literário da Europa, continente que os brasilienses sempre seguiram cegamente.

Em suma, a presença do preconceito dos cidadãos do Brasil contra eles mesmos é marcante, impedindo a fortificação da arte do país e impossibilitando a construção de uma identidade nacional. Objetivando o fim dessa repressão e a valorização da pátria, o Ministério da Cidadania, como promovedor da cultura, deve aliar-se às mídias, como televisões e rádios, a fim de proporcionar a transmissão de filmes e músicas brasileiras. A programação deve ocorrer nos finais de semana e em horários privilegiados, visando atingir o maior público possível.