A questão do cancelamento nas redes sociais

No filme “Carnaval”, exibido pela plataforma da Netflix, é mostrado o cancelamento que uma personagem sofre após fazer comentários preconceituosos. Assim como no filme, a realidade brasileira não difere, visto que o ato de cancelar as pessoas tornou-se algo comum, devido ao individualismo e ao anonimato que as redes sociais proporcionam.

Diante desse cenário, a princípio, é válido salientar que a ação individualista é um problema. Segundo o sociólogo Pierre Bourdieu, o que foi criado para ser instrumento de democracia não deve ser convertido em mecanismo de opressão. Entretanto, observa-se que atualmente as redes sociais, criadas na intenção de facilitar a comunicação, entre outros benefícios, são usadas para ofender indivíduos, o que é grave, pois muitos não sabem lidar com o “hate” que recebem e acabam, muitas vezes, desenvolvendo problemas como a ansiedade e depressão.

Além disso, a facilidade de usar os meios sociais sem revelar a identidade auxilia a problemática. Na série “Bridgerton”, disponível na Netflix, a colunista Lady Whistledown escreve sobre os indivíduos da alta sociedade e isso gera diversos problemas, principalmente por não revelar sua identidade. A obra, apesar ficcional, é semelhante à realidade do Brasil, já que no espaço virtual é fácil se manter anônimo, sem revelar o nome verdadeiro ou usar uma foto de perfil, encorajando os usuários a expor suas opiniões sem o medo de ser julgado e sem ver o problema desta ação, já que não vai ser reconhecido, elevando os níveis de pessoas que são canceladas.

É evidente, portanto, a necessidade de medidas que solucionem os problemas gerados pela questão do cancelamento nas mídias sociais. Por isso, cabe aos administradores das redes virtuais, principais responsáveis pelo controlamento das ações feitas pelos internautas, promovam medidas preventivas de ações violentas nas redes, por meio da exclusão dos perfis que ofendem os direitos humanos e da fiscalização na criação das contas, exigindo mais dados dos indivíduos para a criação das contas, a fim de que os meios sociais não sejam palco para o cancelamento.