A prática de bullying nas escolas do Brasil

Machado de Assis, em sua fase realista, desnudou a sociedade brasileira e formulou criticas para os comportamentos egoístas e superficiais que caracterizam essa nação. Não distante da ficção, evidenciam-se aspectos semelhantes no que diz respeito a prática de bullying no Brasil. Nesse viés, nota-se a configuração de um grave problema com contornos específicos, em virtude da falta de denúncia e da falta de empatia.

Deve-se pontuar, de início, que a falta de denúncia destaca-se como um ferrenho auxiliador no que se refere á prática do bullying. Nesse sentido, Kant proporciona uma importante reflexão ao defender que “O individuo deve agir apenas segundo a máxima que deseja ver transformada em lei universal”. Dessa forma, para que o problema seja resolvido, é preciso denuncia-lo. Infelizmente, percebe-se uma lacuna no que tange essa questão, que não é denunciada devido ao medo dos indivíduos, que ocasiona no aumento do número de vítimas dessa prática, como levantado por uma pesquisa de 2012, realizada pelo IBGE, em que cerca de 200 mil alunos, afirmaram terem sofrido com tais intimidações.

Além disso, outra dificuldade encontrada é a falta de empatia. Na obra “Modernidade Líquida”, Zygmunt Bauman analisa que a contemporaneidade é influenciada pelo individualismo. Em detrimento disso, há como consequência, a falta de alteridade, pois, para se colocar no lugar do outro, é preciso deixar de olhar apenas para si. Essa liquidez que age sobre a problemática do bullying, funciona como uma forte obstrução para impedir a sua resolução.

Portanto, é necessário a tomada de medidas estratégicas para alterar esse cenário. Como solução, é preciso que as escolas, em conjunto com a prefeitura e a mídia, organizem palestras e rodas de conversas sobre a cultura do bullying.  Tais eventos podem ser administrados por antigas vítimas da prática e não devem ficar restritos aos alunos, podendo ser abertos a comunidade, através das redes sociais com a criação de uma “hashtag”, que promoverá maior visibilidade, a fim de que mais pessoas possam compreender o problema e se tornarem cidadãos mais denunciadores e atuantes na busca por resoluções.