A música como demonstração de desigualdade socioeconômica

No filme Tropa de Elite, retrata-se a realidade vivida nas favelas, nas quais pessoas de classes inferiores envolvem-se com o crime e por isso são mortas pelos policiais. De maneira idêntica, no contexto brasileiro do século XXI existe ainda a desigualdade socioeconômica ocasionada por fatores sociais, a qual torna-se explícita, por exemplo, na música. Sob esse prisma, é perceptível que o problema sustenta-se pela falta de intervenção estatal na educação pública e na formação técnica aos mais necessitados.

Em primeiro plano, vale ressaltar que a realidade das favelas retratada pelos criminosos em Tropa de Elite poderia ser contornada pelo investimento do Estado na educação para todos. Nesse âmbito, é essencial observar-se que segundo estudo do IBOPE as classes sociais tem forte influência sobre o gosto musical, isso se torna evidente pelo fato de que 70% das pessoas que escutam Funk são da classe C, D ou E. Por outro lado, algo que poderia ascender a condição social e econômica das classes inferiores é o ato de estudar, visto que no Brasil é garantia da estabilidade socioeconômica a capacidade de ser aprovado em concursos ou vestibulares, a qual depende exclusivamente da habilidade cognitiva, que é diretamente desenvolvida, por exemplo, com a leitura de livros em bibliotecas.

Em segundo lugar, a falta de igualdade socioeconômica retratada pelas preferências musicais seria atenuada pelo investimento na formação técnica dos cidadãos brasileiros. Sob essa ótica, vale recordar que as letras de músicas do rapper Tupac revelam o envolvimento com o crime por parte do cantor, o qual é de origem pobre e afrodescendente. Em contraste, caso houvesse investimento estatal que o direcionasse ao mercado de trabalho, esse problema dificilmente ocorreria, posto que as condições de subsistência e crescimento econômico estariam devidamente estruturadas, o que também é válido para moradores do Brasil que vivem em condições sociais e econômicas precárias.

Depreende-se, portanto, que medidas precisam ser capazes de diminuir o índice da desigualdade socioeconômica, expressa pela música. Logo, cabe ao Poder Executivo a criação de bibliotecas públicas e cursos de formação técnica, por meio do investimento de verbas, a fim de promover o acesso igualitário aos meios de ascensão socioeconômica. Destarte, a falta de equidade será atenuada, e as artes musicais não demonstrarão injustiças, mas a igualdade.