A importância do enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes.

     O livro “Lolita” retrata a história de Dolores, uma criança de 12 anos que é hipersexualizada por seu padrasto, um homem de 40 anos que após a morte de sua esposa passa a ter relações íntimas com sua enteada. Fora da ficção, no Brasil, ainda é observado a sexualização precoce de jovens e adolescentes, tal fato tem contribuído para o aumento de manifestações psicossomáticas devido, principalmente, a subnotificação. 

     Diante desse cenário, é importante destacar que os distúrbios mentais têm sido uma das principais consequências da violência sexual. Segundo o psicanalista Sigmund Freud “A infância é a fase que ocorre a formação da identidade do indivíduo”. Sob essa ótica, a exploração desses vulneráveis pode gerar, a longo prazo, problemas psicológicos, como anorexia, bulimia e distúrbios de socialização, devido a insegurança em relação às pessoas. Diante disso, é inegável que esses traumas prejudicam a saúde mental das vítimas, o que causa desordens emocionais ou psiquiátricas.

     Além disso, a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos afirmou que entre 2015 e 2016, 90% dos casos de violência sexual não fora denunciados. Nesse sentido, com o baixo número de delações, mostrando o desamparo da sociedade e, sobretudo, familiar com esses grupos etários, os casos de abuso agravaram-se, haja vista que 70% dos  casos de violência sexual contra crianças e adolescentes ocorrem em casa, assim, essas vitimas estão em contato direto e diário com seus abusadores. Dessa forma, constata-se que quanto menor o número de denúncias, maior deverá ser o investimento em políticas públicas que conscientizem a população sobre esse mal. 

     Em suma, é necessário reduzir os casos de violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil, uma vez que rompe com direitos sociais como a infância. Desse modo, cabe ao Senado, que avalia e pondera a legislação, elaborar um “Plano de Prevenção a Violência Sexual Juvenil” por meio de um projeto de lei, que será entregue à câmara dos Deputados. Tal projeto deve visar à aplicação de propagandas lúdicas, em locais públicos, com o auxílio de telas digitais, nas quais os cidadãos irão assistir relatos de crianças que enfrentaram esse tipo de violação em seus lares e observarão fotos que destacam a sexualização precoce. Assim, espera-se combater os casos de abuso sexual infantil na sociedade brasileira, e como desdobramento direto disso, abrandar a erotização precoce para que a situação que Dolores viveu em “Lolita” não seja repetida.