A importância do amplo acesso à vacinação no Brasil

Corrijo de volta!

De acordo com a Constituição Federal, a saúde é direito de todos e dever do Estado. Contrariando os dizeres constitucionais, a cobertura vacinal no país tem diminuído, por isso evidencia-se a necessidade de discutir acerca das causas que impossibilitam o amplo acesso à vacinação no Brasil, haja vista a sua importância para o bem estar da sociedade. Nesse contexto, ressaltam-se como influenciadoras da problemática a grande distância que as populações periféricas precisam percorrer até os postos, bem como a superlotação desses estabelecimentos. 

Em primeira análise, a concentração de locais de vacinação nos centros urbanos dificulta a democratização do acesso a esse serviço. Nesse sentido, o conceito de desigualdade espacial, desenvolvido pelo geógrafo Milton Santos, afirma que a distribuição desigual do espaço reflete a desigualdade social. Consoante a esse pensamento, os indivíduos que vivem em regiões afastadas das principais sofrem com a inacessibilidade a certos recursos, como a vacina, assim, a distância geográfica impossibilita o cenário de igualdade. Dessa forma, muitos brasileiros não se vacinam em virtude do longo percurso que necessitam atravessar para ir aos postos, uma vez que essas pessoas moram na periferia urbana ou em áreas rurais. Portanto, tal situação é um entrave à acessibilidade da vacina no país, que é de extrema importância para o corpo social. 

Ademais, a superlotação é um aspecto dificultante à democratização. Na música “Sem Saúde” do cantor Gabriel, o Pensador, critica-se as condições precárias da saúde pública brasileira, como as amplas filas e a falta de atendimento devido à lotação. Nessa perspectiva, a vacinação é desestimulada pelo excessivo tempo de espera que os cidadãos precisam enfrentar para se imunizar e, por isso muitos desistem da ida aos postos, o que contribui para que a massificação da vacinação não seja uma realidade no país. Sob essa ótica, é evidente a ineficácia estatal em fornecer um serviço de qualidade à população e isso, para o iluminista John Locke, é uma quebra do contrato social, pois, quando a coletividade se sujeita a ser governada pelo Estado, ela espera que este promova direitos igualitários, assim como atenda os anseios sociais, o que não ocorre no atual contexto brasileiro. Logo, tal quadro impede o amplo acesso à vacinação.

Portanto, medidas devem ser tomadas para mudar o panorama vigente. A fim de democratizar a imunização, o Ministério da Saúde, mediante verbas governamentais, deve promover a construção de mais postos de saúde, principalmente em regiões periféricas. Isso, consequentemente, amenizará a exagerada lotação e tornará a vacina mais acessível, diminuindo transmissões de doenças e mortes decorrentes da não vacinação. Sendo assim, a Constituição será efetivada no ambiente brasileiro.