A escassez de água no Brasil

A obra “Vidas Secas”, do escritor Graciliano Ramos, retrata a história de uma família de retirantes e suas dificuldades para encontrar água e alimento em meio à seca. Nesse sentido, percebe-se que no contexto hodierno ainda existem pessoas em situação análoga, tendo em vista que a crise hídrica faz-se presente no Brasil. Isso ocorre devido à corrupção e à negligência estatal.

Nessa lógica, vale ressaltar que a desonestidade colabora para o desenvolvimento da escassez de água. Segundo sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, no Brasil há um “homem cordial”, isto é, que não é capaz de distinguir o público do privado, com o intuito de obter benefício próprio em detrimento da coletividade. Com base nisso, esse comportamento pode ser encontrado quando se observa que alguns macro produtores rurais desviam o curso dos rios para sua propriedade, enquanto os outros moradores sofrem com a falta de água. Desse modo, tal fato é comprovado pelo Correios Braziliense, o qual informa que 37% do desperdício advém da clandestinidade. Assim, é perceptível que a distribuição de água, que deveria ser equitativa, beneficia apenas os indivíduos de maior poderio econômico.

Ademais, convém ressaltar que a ineficiência do estado agrava o impasse. De acordo com a Constituição de 1988, a disponibilização de água é um direito indispensável ao cidadão. Embora haja essa determinação, nota-se a falha no cumprimento da legislação, uma vez que, apesar de ter sido realizada a Transposição do Rio São Francisco, algumas regiões ainda sofrem com a falta de infraestrutura oriunda das obras inacabadas. Nesse cenário, muitas adutoras permanecem inutilizáveis e não conseguem abastecer a totalidade do país. Dessa forma, sem um plano eficaz para continuar o projeto, dificilmente a concessão presente na Carta Magna será garantida, o que promove a continuidade da escassez de água.

Portanto, é necessário combater a escassez de água. Para que isso ocorra, a Agência Nacional das Águas (ANA), órgão responsável pelo controle dos recursos hídricos, deve fiscalizar o abastecimento hídrico, por meio de rondas diárias no curso dos rios, com o fito de dificultar o seu uso inadequado. Outrossim, o Ministério da Infraestrutura precisa disponibilizar verbas aos estados brasileiros, para que os projetos hídricos sejam concluídos. Por fim, o cenário desesperador vivido em “Vidas Secas” não será presenciado pela nação.