A democratização do acesso ao cinema no Brasil

No filme “A invenção de Hugo Cabret”, conta a história de um garoto órfão e pobre conhecendo a sétima arte, o cinema, isso transforma a vida do mesmo de maneira arrebatadora. Hodiernamente, no Brasil, a ausência da democratização do acesso ao cinema é uma problemática deveras negligenciada, o que resulta, infelizmente, em um grande parcela da população não tendo a experiência das grandes telas. Tal situação prejudica o corpo social, promovendo desigualdades, e deve ser extirpada.

Primeiramente, nota-se que a localização é um obstáculo contundente para a resolução da problemática, uma vez  que existem povoados e cidades distantes dos grandes polos urbanos, onde se concentram as instalações das salas de cinema. Segundo o filósofo contratualista, John Locke, cabe ao Estado prover ao cidadão o lazer, propiciando as condições necessárias para o bem-estar do mesmo. Nesse contexto, é responsabilidade do Estado desenvolver medidas que desvencilhem o intempérie supracitado.

Em segunda instância, é necessário ressaltar a importância de proporcionar tal acessibilidade e enfatizar que o direito a arte é universal. No século XX, o Movimento Modernista defendia uma arte popularizada, rompendo com os conceitos retrógrados das elites europeias, as obras desse período são caracterizadas pelo regionalismo, linguagem coloquial e de retratar sentimentos intimistas comuns a qualquer ser humano. A arte é parte essencial na construção da psiquê humana, pois gera sentimentos de identificação e alteridade que contribui para a construção de relações sociais saudáveis. Diante disso, conclui-se que produtores e a espectadores de obras cinematográficas devem independer da classe social ou locação do indivíduo.

Fica evidente, portanto, que medidas são necessárias para resolver o exposto. Faz-se mister que o Ministério da Cidadania em concerne com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), desenvolva o projeto “A sétima Arte A Todos”, que mapeará cidades e povoados do interior dos estados brasileiros, e levará, através de uma estrutura automotora, a experiência das telonas, exibindo filmes clássicos do cinema nacional e internacional. Ademais, o Ministério da Educação deve incluir obrigatoriamente o estudo da história, atributos e produções do cinema, na grade curricular do ensino médio, através da exibição de filmes, distribuição de cartelas e produção de curta metragens. Assim, promover-se-á a democratização do cinema ao povo canarinho.