A democratização do acesso à cultura em questão no Brasil.

A semana de arte moderna atualmente se caracteriza como uma conquista para os artistas brasileiros, pois simboliza o período em que a arte genuinamente brasileira começa a ser exposta e consumida. Entretanto, apesar deste triunfo, a cultura no Brasil se encontra restrita à população bem sucedida financeiramente. Sob essa ótica, é válida a análise acerca da democratização do acesso à cultura em solo brasileiro, de modo a refletir sobre os problemas que engatilham tal problemática: a inoperância do Estado e a desvalorização da arte periférica.

A princípio, convém ressaltar que a inoperância do Poder Público diante deste quadro de segregação cultural se estabiliza como agravante para o problema enfrentado. Segundo o artigo 215, presente na Constituição Federal, cabe ao Estado a garantia do pleno exercício cultural da população, assim como o apoio e o incentivo à valorização das manifestações culturais. No entanto, as esferas governamentais são ineficazes no cumprimento de suas obrigações, considerando que uma vultosa parcela da população jamais adentrou em um museu ou exposição cultural, além de frequentar o cinema de forma quase nula. Desse modo, cabe ao Poder Administrativo a efetivação de medidas que minimizem esta chaga social.

Ademais, a desvalorização da arte emergida nas periferias brasileiras se apresenta como agravante para democratização da cultura em solo verde-amarelo. Ora por preconceito, ora por incompreensão às manifestações artísticas periféricas, a grande mídia e a “família tradicional” conservadora tendem a praticar a exclusão dessa forma artística do cenário nacional, visando a música, a dança, o grafite sempre como algo impróprio ou de cunho ideológico inadequado para os padrões culturais. Sob esse ponto de vista, o filósofo chinês Confúcio afirma que “A cultura está acima da diferença social”, assim, a ignorância perante a pluralidade cultural em nossa nação impossibilita a vivência do real conceito de arte. Dessa forma, se faz necessária a mobilização para conscientização da população acerca das diversas formas de arte presentes em nosso país.

Destarte, cabe ao Governo Federal, atuante como principal fiscal e criador de leis, por intermédio do Ministério da Cultura, a efetivação de leis que garantam o acesso à cultura para população mais vulnerável, por meio de uma devida fiscalização dos gastos públicos e de seus investimentos. No mais, é dever do Ministério da cultura, de forma adjunta ao Ministério da educação, o reconhecimento da arte periférica, através de ações nas escolas e em ambientes públicos que exponham o meio artístico consumido nessas comunidades. Desse modo, a população brasileira poderá atingir um cenário de democratização do acesso à cultura no Brasil.