Estudante

A crise de leitura na sociedade brasileira

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De acordo com Immanuel Kant, o conhecimento é pressuposto fundamental à autonomia, fazendo com que o ser humano alcance o status de maioridade mental. Todavia, tal maioridade ainda não foi plenamente alcançada, devido a problemas relacionados à crise de leitura que a sociedade brasileira passa na atualidade. Diante disso, tal impasse ganha força, principalmente, por fatores como o uso excessivo de telas e a inoperância estatal.

Em primeira análise, a exposição frequente às telas diminui a disposição e o interesse na leitura. Sob esse viés, como defende a pesquisadora Renata Soares, da Universidade Federal de Minas Gerais, a postagem massificada de informações na internet desencadeia leituras rasas e desinteresse por conhecimentos mais aprofundados nos assuntos, fato que diminui o poder de concentração das pessoas. Nesse contexto, de acordo com o Portal G1, no intervalo de 2015 a 2023, o país perdeu cerca de 4,6 milhões de leitores, justamente no momento em que o acesso ao celular e à internet se tornou mais acessível. Dessa maneira, a população, sem interesse na leitura, não alcança autonomia no pensar, pois permanece no estado de menoridade intelectual e incapaz de interpretar o que vê e o que ouve, ficando, assim, vulnerável a juízos de valor alheios.

Além disso, o Estado não se mostra ativo quanto à solução do problema. Segundo John Locke, o Estado deve garantir os direitos básicos do cidadão, e, dentre tais prerrogativas, estão as da educação e do lazer, intrinsecamente relacionadas à leitura. Contudo, dados do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas evidenciam um processo de diminuição das bibliotecas estatais, já que, entre 2015 e 2020, o país perdeu cerca de 760 dessas instituições. Em consequência disso, as classes mais pobres são as mais afetadas, na medida em que sofrem pela incapacidade de adquirirem livros pelos altos preços pelos quais são ofertados. Dessa forma, a negligência dos governantes nesse quesito cria mais um ciclo de desigualdades sociais.

Dessarte, é necessário que esse impasse seja resolvido. Para tanto, o Ministério da Educação, como órgão responsável pelo desenvolvimento intelectual humano, deve ampliar o acesso à leitura, por meio do investimento na construção de novas bibliotecas públicas com uma diversidade de obras literárias, além de fomentar o acesso aos livros nas escolas. Paralelamente, a mídia deve promover debates sobre a importância da leitura, com o incentivo à redução do tempo em frente às telas e o estímulo ao interesse por tal prática. Assim, será possível fortalecer a busca pelo conhecimento e a conquista da autonomia pelos brasileiros.

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5 Correções

  1. Excelente redação. Texto muito bem estruturado e “amarrado”, com excelente repertório socio-cultural. Uso excelente de conectivos. Acredito que na frase da introdução: “devido a problemas relacionados”, temos que colocar crase. No desenvolvimento 1, acredito que ficaria mais elegante citar a pesquisadora Renata Soares e, logo após, trazer ela para realidade do problema. Más não notei mais desvios. Nota 1000

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  2. Olá, olha eu acredito que sua redação esteja boa e apresentou a maioria dos critérios. Tendo em vista que teve os repertórios que é cobrado na comp 2 e conectivos que é cobrado na comp 4, o argumento achei bem explicado que é a comp 3 e a 1 acredito que se tiver erros ortográficos seja por conta de ser redação digitada, no geral está boa ao meu ver

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