A crescente dependência digital entre os brasileiros

O documentário “O Dilema das Redes”, disponível na plataforma da Netflix, exibe as estratégias de grandes empresas no ramo das redes sociais para manter seus usuários conectados, de modo a explorar a psique humana. Tal conjuntura evidencia a necessidade da discussão acerca da crescente dependência digital entre os brasileiros – agravada, máxime, pela priorização do lucro na gestão de grandes corporações e pela inércia estatal.

A priori, é válido salientar que, como abordado no documentário, o vício de usuários em aplicativos é objeto de lucro para as empresas envolvidas. Nesse sentido, torna-se pertinente citar a “democracia de mercado”, termo do geógrafo brasileiro Milton Santos, que representa a sobreposição do aspecto mercadológico ao social nas relações sociopolíticas nacionais. Dessa forma, ao priorizar o capital frente à saúde da população, organizações como o “Facebook” e o “Instagram” revelam-se como principais agentes causadores do óbice em questão.

Paralelamente, o alastramento desenfreado da problemárica apenas é possível devido ao descaso governamental. Sob tal ótica, os filósofos contratualistas, como o inglês Thomas Hobbes, classificam o Estado como responsável por prover o bem-estar social – evidentemente falhando em tal função ao negligenciar o quadro da dependência digital. Desse modo, a escassez de uma regulamentação firme diante do uso irresponsável dos usuários de tecnologia consente o crescimento do problema na sociedade brasileira.

Depreende-se, portanto, a urgência no enfrentamento da dependência digital no Brasil. Para tanto, o Governo Federal deve impor um conjunto de leis denominado “Código de Proteção ao Usuário de Tecnologia”, por meio de sua aprovação democrática nos órgãos responsáveis e com o fito de regularizar e fiscalizar as ações de companhias do nicho. Somente assim, e de forma gradual, o país poderá encarar um cenário menos preocupante no que concerne ao panorama exibido na produção da Netflix.