De acordo com dados do Banco Central, em agosto de 2024, cerca de 20 bilhões de reais foram gastos com apostas online, sendo que, dessa quantia, 3 bilhões se originaram de beneficiários do Bolsa Família. Esses dados alarmantes denunciam que o vício nos “cassinos online” se tornou um problema de saúde pública, impulsionado pela falta de conhecimento e a busca do lucro fácil, de modo a originar consequências negativas à sociedade.

Em primeira análise, a falta de educação financeira de grande parte da população a torna vulnerável ao vício em apostas online. Nesse viés, de acordo com o filósofo Immanuel Kant, o conhecimento é pressuposto fundamental à autonomia do indivíduo. Contudo, o acesso desigual ao conhecimento faz com que muitas pessoas sejam facilmente influenciadas por propagandas enganosas, as quais prometem lucro fácil a partir de alguns “cliques” em aplicativos no celular. Desse modo, o vício adquirido nessas plataformas gera a perda gradual do controle emocional e da autonomia financeira das pessoas, muitas das vezes prejudicando os compromissos diários e promovendo futuras frustações e desilusões.

Por conseguinte, o uso desregulado das “Bets” sao causadores de diversos problemas à sociedade brasileira. Nesse sentido, a saúde mental dos cidadãos é afetada, em virtude de perdas significativas de capital que podem ocorrer em poucos segundos, desencadeando ansiedade depressão e, em casos extremos, o suicídio. Além disso, vale mencionar que essas práticas levam ao endividamento dos indivíduos, os quais, pelo descontrole a que estão submetidos, utilizam de empréstimos, da venda de pertences e de outros meios para que continuem suas apostas. Nesse contexto, de acordo com o site Revista Oeste, vários trabalhadores no país têm solicitado o adiantamento de seus salários para pagamento de dívidas em jogos de azar, o que evidencia o viés preocupante que tal vício se tornou no meio social.

Dessarte, medidas interventivas devem ser adotadas para combater o vício nas apostas online. Nesse sentido, o Ministério da Fazenda, em parceria com a Receita Federal, deve impedir o funcionamento de plataformas de apostas ilegais no país, além de regulamentar rigorosamente as atividades das que operam legalmente. Ademais, é fundamental promover ações educativas, como palestras em espaços públicos, especialmente em escolas, com o objetivo de conscientizar e educar financeiramente a população, capacitando-a para administrar sua renda de forma responsável e evitar os riscos associados ao jogo.