Violência sexual contra crianças

Em São Mateus, no Espírito Santo, um caso particular tomou a atenção da mídia nos últimos tempos, a menina que foi estuprada pelo tio por anos e acabou engravidando. A menina de apenas 10 anos foi submetida a mais pressão psicológica em um mês do que muitos de nós sofreremos em uma vida, a sociedade sentiu-se no poder de julgá-la quando o caso veio à tona, provando mais uma vez que vivemos em um mundo onde quando uma mulher é estuprada, assediada ou agredida a culpa sempre acaba caindo sobre ela. Tendo isso em vista, a violência sexual contra crianças em sua maioria tem causas como o machismo impregnado na sociedade e a falta de instrução nas escolas.

Não é raro escutarmos pessoas falando que se uma mulher foi estuprada ou assediada provavelmente tinha motivo. Isso se evidencia ao escutarmos frases como “Quem mandou andar sozinha tarde da noite!”, “Mas com essa saia também!”, “Quem disse para ir naquela festa sozinha!”, “Com aquela roupa ela estava pedindo!”, essas são algumas justificativas que a maior parte da sociedade usa para os casos de estupro. O estupro nunca foi e nunca será culpa da vítima mas infelizmente o machismo na nossa sociedade faz com que as vítimas sejam tratadas como as culpadas, não somente mulheres adultas ou adolescentes acima dos 15 sofrem com essas frases, mas também as crianças. Uma criança de 10 anos não pode usar um vestido porque se algo acontecer a ela a culpa será dela por estar com aquela roupa, não da pessoa que a estuprou, maltratou ou assediou.

Ademais, a falta de instrução nas escolas também ajuda os casos de estupro de menores a aumentar cada vez mais, isso porque quando não são instruídas sobre quais partes do corpo outras pessoas podem tocar, as crianças são facilmente manipuladas pelos mais velhos e não tem noção do perigo e da violência a qual estão sendo submetidas. Segundo o levantamento feito pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos nesse ano, cerca de 86,8 mil registros feitos pelo Disque Direitos Humanos são de violações de direitos de crianças ou adolescentes, sendo 11% deles denúncias de violência sexual contra crianças.

Portanto, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos em conjunto com a ONU, deveriam trabalhar para implementar nas escolas um programa de educação sexual juntamente com o acompanhamento de terapeutas ocupacionais, a fim de ensinarem as crianças sobre quais parte do corpo podem e quais não podem ser tocadas por outros, assim como instruí-las a buscar ajuda caso isso aconteça e também apresentar o acompanhamento de terapeutas para avaliar as condições das crianças e apresentar um local seguro onde elas possam se abrir. Desse modo o número de casos de violência sexual contra crianças diminuiria de forma significativa.