Violência doméstica na quarentena

Violência doméstica na quarentena

 No ano de 2019 a Netflix lançou uma série chamada Coisa Mais Linda. Esta série é um comovente lembrete do que foi (e ainda é) dito e feito com relação às mulheres, negras ou brancas. O desenvolvimento das histórias pessoais de Malu, Lígia, Thereza e Adélia se intercalam com situações que necessitam de força e coragem, tais como a falta de fé e apoio que as pessoas colocam em seus trabalhos, o preconceito racial, o abuso mental e sexual e a mentalidade de que mulher só deve trabalhar fora ou ser mãe – nunca as duas coisas.

 Ao tratar a desigualdade de gênero do passado, a série pontua muito do que as mulheres vivem no presente. Fora da ficção, é fato que a história é uma realidade apresentada por ser relacionada com o machismo, preconceito de gênero, feminicídio e violência contra mulher. 

 Desde que as medidas de isolamento social, para quem pode ficar em casa, entraram em vigor, um triste número também começou a subir nas estatísticas, e não só de casos da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Foram o de denúncias de violência doméstica: o aumento foi de cerca de 50% no Brasil, mas a realidade de avanço nos casos aconteceu em todo o mundo. A cada dois minutos, cinco mulheres são espancadas no Brasil. Em 80% dos casos, o responsável pela agressão é o próprio parceiro (marido, namorado ou ex) com quem convive diariamente.

 Como dizia o filósofo Benedetto Croce “A violência não é força, mas fraqueza, nem nunca poderá ser criadora de coisa alguma, apenas destruidora”, é exatamente o que está sendo tratado, a destruição física e psicológica que muitas mulheres estão enfrentando, sofrendo caladas e sozinhas. A casa deveria ser o porto seguro da mulher mas infelizmente está sendo um ambiente de angústia e desespero.

  É necessário portanto, que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Muitos países adotaram meios extremamente úteis que ajudaram em muitos casos de socorro da violência contra a mulher como por exemplo na França, denúncias do tipo podem ser feitas pela internet, as vítimas têm um chat para conversarem diretamente com policiais, e o site tem um botão de emergência que fecha a página e apaga da tela da vítima as mensagens trocadas se ela se encontrar em perigo. O governo espanhol criou uma ferramenta de denúncia por mensagem com geolocalização, por Whatsapp. Essas são apenas algumas entre várias medidas que precisam ser iniciadas no Brasil. Também seria ideal que todas as mulheres passassem a se unir (até mesmo homens dispostos a colaborarem), criando uma “senha” que fosse divulgada e pudesse ser utilizada em qualquer meio seja na internet em redes sociais ou qualquer tipo de ambiente para que as pessoas tenham entendimento sobre a senha e acionem as autoridades buscando por ajuda.