Uma guerra perdida

Ao refletir sobre a questão da descriminalização das drogas, nota-se que há um universo de posicionamentos e opiniões. Por tratar-se de um tema complexo, não existe um consenso do que é certo ou errado neste debate.

Os mais progressistas, – caso do sociólogo e ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – defendem a liberação e regulamentação do uso das substâncias ilícitas com ênfase na Cannabis Sativa, a popular maconha. Segundo FHC, quando presidente, errou em manter a política de combate às drogas, pois mostrou-se um método ineficaz e violento.

No outro extremo, temos o médico e ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin do mesmo partido de FHC (PSDB), mas que não comunga da mesma opinião. Na sua visão o combate às drogas se faz através da repressão, com a polícia bem equipada e vigilância nas fronteiras.

Ainda temos uma terceira via, que acredita em um debate amplo e popular, caso dos ex-ministros e presidenciáveis Ciro Gomes e Marina Silva, sendo que a última anunciou que desejava convocar um plebiscito sobre o tema caso eleita presidente.

É inegável que a política propagada pelo Estados Unidos de combate às drogas fracassou, os próprios americanos estão legalizando as substâncias ilegais, como fez a Califórnia com a maconha. Na América Latina vemos países a beira da guerra civil, como é o caso da Colômbia e o México na luta contra os carteis. O Brasil segue o mesmo caminho, com uma população carcerária que não para de crescer e com números recordes de assassinatos – 65 mil em 2017 -.

Sendo assim, não é possível afirmar que a legalização resolverá o problema, mas precisamos buscar outro modelo, que remova do traficante o monopólio do comércio. Sem a demanda não haverá o traficante, como observamos com o tabaco e álcool, que são vendidos livremente e ainda geram imposto, que podem ser investido na redução de danos.