Um resgate necessário

Para Betinho, falecido sociólogo brasileiro, a sociedade civil só evoluirá ao se comprometer com a liberdade e a igualdade, dentre outros aspectos. No Brasil, entretanto, esse compromisso é falho, visto que a escravidão ainda ocorre, sendo causada pela vulnerabilidade socioeconômica, que dá oportunidade aos traficantes de pessoas, e pela falta de qualificação profissional por uma parcela da população, que mantém alguns indivíduos em seu “status quo” miserável. Portanto, ações que garantam o bem-estar social devem ser tomadas.

Nesse contexto, cabe lembrar que Foucault, filósofo francês, já constatou que, em épocas remotas, crimes hediondos eram punidos com castigos hediondos e isso não os impedia de continuar ocorrendo. Desse modo, a vulnerabilidade social se mostra como uma das principais causas a serem solucionadas para combater práticas escravistas, visto que essa põe pessoas em situações desesperadoras e degradantes, permitindo que indivíduos sejam vítimas de aliciadores e traficantes de humanos que os levam para outras regiões e os aprisionam em situações financeiras inescapáveis.

Ademais, a falta de qualificação profissional mantém muitas pessoas presas em situações de extrema pobreza, o que as deixa como alvos fáceis para o tráfico humano. Assim, mesmo que sejam vítimas desse crime e escapem, voltam para o início do ciclo e permanecem vulneráveis. Isso mostra que Nelson Mandela estava certo ao afirmar que a educação é a arma mais poderosa para mudar o mundo, pois com capacitação profissional esses cidadãos teriam condições de obterem empregos formais sem dar chances à pratica escravista.

Portanto, o Governo Federal, em parceria com o Ministério da Educação, deve implementar medidas que combatam as causas da escravidão. O Governo Federal deve criar o programa “Renda Mínima Nacional” para todas as pessoas de baixa renda, lhes garantindo capital financeiro para saúde, alimentação, educação, lazer e moradia de qualidade. Paralelamente, o Ministério da Educação deve expandir o programa de escolas profissionalizantes para todo o ensino médio público, possibilitando aos jovens oportunidades de empregos formais durante e depois da escola. Desse modo, o compromisso com a liberdade e a igualdade serão resgatados e perpetuados.