As implicações sociais dos casos de gravidez na adolescência

No dia 3 de janeiro de 2019 foi instituída por lei no Brasil a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência com a finalidade de intensificar a campanha de prevenção. Tal medida se fez necessária devido às grandes taxas de gravidez em adolescentes e as prejudiciais implicações sociais decorrentes delas. Torna-se claro que é necessário analisar os fatores causadores da problemática, com destaque para o preconceito enraizado na sociedade patriarcal na qual vivemos, além de conscientizar sobre as consequências para a sociedade.
Em primeiro lugar, cabe analisar que as causas para tal infortúnio têm como base, principalmente, o machismo, dado que ainda é comum meninas ouvirem que “seu papel como mulher” é cuidar da casa e dos filhos, enfraquecendo suas perspectivas de vida. Exemplificando, no livro “A cor púrpura” de Alice Walker, a protagonista Celie, além de ser obrigada a abandonar os filhos de gravidezes decorrente de abuso sexual, é forçada a desistir dos estudos para cuidar dos descendentes do marido. Similarmente, o preconceito também é prejudicial ao impedir que os pais e a escola informem os adolescentes sobre contracepção, o que é refletido nos resultados da pesquisa feita pelo Ministério da Saúde constatado que 66% dos casos de gravidez na adolescência são indesejados.
Além disso, esse tipo de gestação, que segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ocorre com mais frequência em classes desfavorecidas e com menos acesso à educação, intensifica problemas sociais já recorrentes, como a estagnação social e o abandono familiar. Por analogia, a série estadunidense de drama médico Grey’s Anatomy denunciou ambas as possibilidades: além de retratar um caso de abdicação dos estudos para cuidar do filho, outro episódio trouxe o sofrimento de uma personagem em abandonar a filha recém-nascida para não desistir do sonho de ser médica. Igualmente, a gravidez precoce pode culminar em problemas psicológicos na mãe e até mesmo suicídio.
Portanto, fica evidente a natureza danosa das causas e consequências de gravidez precoce. Para atenuar tal mazela os Ministérios da Saúde; da Mulher, Família e Direitos Humanos; da educação e da Cidadania devem se unir com a mídia em campanhas na televisão, internet, escolas e postos de saúde para alertar as jovens não só sobre os meios de prevenção, mas também as possíveis consequências, contando com o apoio da família, que promoverá o diálogo sobre o planejamento familiar e métodos contraceptivos. Por fim, as mulheres terão menos obstáculos no caminho para realização profissional e financeira e as crianças serão poupadas de nascer em um lar onde não se sentem bem vindas.