TRÁFICO DE ANIMAIS SELVAGENS NO BRASIL

O filme de animação “Rio” mostra uma quadrilha de traficantes de animais que vem ao Brasil com o objetivo de capturar a arara-azul, espécie praticamente em extinção. Fora da ficção, a realidade do país é muito semelhante, visto que milhares de bichos são cruelmente arrancados de seu hábitat natural , e contrabandeados, diante da tremenda dificuldade no combate ao tráfico de animais silvestres. Essa terrível situação ocorre tanto pela ineficiência estatal em punir os criminosos, quanto pela irresponsabilidade da população, que compra o produto do contrabando, o que travanca a já precária situação sustentável da nação.

Segundo a Constituição Federal de 1988, o tráfico de animais silvestres é crime. Contudo, a ineficácia dos órgãos fiscalizadores, principalmente nas florestas,como a Amazônia- berço de biodiversidade- e nas fronteiras-que são frágeis e não tem um policiamento apropriado- facilita a ação de criminosos,que capturam diversas espécies e levam para serem vendidas sobretudo fora do país, no comércio clandestino, que movimenta bilhões de reais todos os anos. Dessa forma, o descaso do Estado na proteção de sua fauna perpetua o cenário de tráfico silvestre e prejudica a saúde e o bem-estar dos bichos, maltratados e até mortos para a satisfação das ambições de criminosos que não são punidos.

Ademais,o filósofo Kant define como autonomia o processo no qual o indivíduo deixa de formar sua opinião a partir de terceiros. Porém, grande parte das pessoas permanece na heteronomia e acredita em ideias errôneas da medicina popular, que não tem nenhuma comprovação científica,como a de que os chifres de rinocerontes diminuem a febre e, ao comprarem esses medicamentos, participam de forma indireta do tráfico silvestre, responsável pela extinção de inúmeros animais, caçados para suprir a crescente demanda do mercado. Dessa forma, a ignorância da população incentiva a caça e o contrabando de espécies, que morrem sem necessidade, uma vez que tais crenças disseminadas não passam de mitos, causadores de desequilíbrio e sofrimento da fauna.

Destarte, é necessário que o Estado fiscalize as florestas, onde o tráfico é muito forte, e as fronteiras,que são a “porta de saída ” desses criminosos; através de órgãos como a Polícia Ambiental e o IBAMA, que devem punir os contrabandistas, prendendo e aplicando altas multas, além de devolver os animais de volta ao seu lar, a fim de garantir o bem-estar dos bichos e superar a mácula do tráfico silvestre. Cabe ainda a essa instituição de poder , em conjunto com a mídia, veicular propagandas incentivando a população a não acreditar em crenças errôneas, com o objetivo de evitar a ação de traficantes como os mostrados no filme “Rio”.