Trabalho versus saúde mental

Desde muito novos a maior parte da população brasileira está acostumada com uma cena: ver os responsáveis pela moradia sair cedo para ir trabalhar. Não só isso como desde jovens temos a pressão de estudar demasiadamente não pelo poder do conhecimento, e sim pelo fato de que uma formação irá trazer melhores oportunidades de trabalho e consequentemente mais dinheiro.

O trabalho excessivo e as consequências do mesmo já ganhou até um CID (Classificação Internacional de Doenças). O CID-11, mais conhecido como a síndrome de burnout caracteriza um distúrbio mental causado pelo estado de tensão emocional e estresse crônicos provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes, afetando mais comumente pessoas cujo trabalho requer um envolvimento interpessoal direto ou intenso. O que isso significa? Significa que aquela enfermeira que cobre incontáveis plantões; aquela assistente social que cuida incansavelmente de crianças desestruturadas; os profissionais das áreas de educação que saem cedo de suas casas para muitas vezes irem lecionar no outro lado da cidade; mães que fazem dupla jornada porque não conseguem manter os seus filhos com um salário mínimo e entre outras profissões que tem como rotina se desgastar para salvar, são os mais afetados.

De acordo com os dados divulgados pela Fundacentro (2007), entre 2000 e 2005 foram registradas 144.789 doenças relacionadas ao trabalho, e pesquisas do Laboratório de Saúde do Trabalhador da Universidade de Brasília demonstram um aumento de 260% do número de afastamentos por doenças mentais entre os anos de 2000 a 2006. Atualmente, 83 mil brasileiros se afastam do trabalho todo ano por problemas de Saúde Mental. E quem mais poderia ser responsável por todos esses danos ao trabalhador além das empresas? Que graças as mudanças globais como revolução tecnológica, interdependência global das sociedades econômicas e políticas e reestruturação produtiva as empresas precisam se manter no mercado competitivo. E quem paga o pato? Com certeza a classe do proletariado.
Infelizmente não podemos parar no tempo e evitar que essas mudanças geradas pelo globalismo parem e consequentemente não podemos deixar de acompanhar essas mudanças. O correto seria a classe empregadora se sensibilizar um pouco com o pai/mãe de família que além da preocupação em fazer um bom trabalho para ganhar um mísero salário mínimo ainda conta com a aflição de ter que fazer milagre para sobreviver. Deveríamos ser ensinados desde cedo que um CNPJ não vale uma vida.