Tema: Favela e cidade: as distâncias sociais desapareceram?

Em sua obra “Cidadão de papel”, o célebre escritor Gilberto Dimenstein disserta acerca das desigualdades no que tange ao acesso à direitos básicos sociais. Nesse sentido, analisa-se a discrepância da garantia desses direitos para uma sociedade verdadeiramente democrática e sem diferenças. Desse modo, é mister desvelar os entraves que corroboram com as distâncias sociais existentes entre favela e cidade. 

     Em primeiro lugar é importante destacar que, em função da falta de equidade nas oportunidades econômicas, uma grande concentração de pessoas com baixa renda vem se acentuando nas chamadas “favelas”.

Segundo o pensador Thomas Hobbes, o estado deve garantir o bem-estar social, e isso inclui  a igualdade econômica. No entanto, observa-se que esse direito não tem sido assegurado na prática, uma vez que as aglomerações suburbanas não recebem os mesmos investimentos e oportunidades que nos centros urbanos. Assim, a disparidade econômica contribui para as distâncias sociais.

       Ademais, nota-se um forte poder de influência da ausência de representação midiática desses subúrbios no comportamento dos investidores para com estes locais. Ao observar nos comerciais televisivos que somente centros urbanos, calçados e com grandes edifícios são retratados como progresso futuro e bom para investimentos, esses grandes empresários tendem a concentrar as riquezas cada vez mais nas  chamadas “cidades” e desdenham as “favelas”. A série “Sintonia”, por exemplo, mostra fielmente como seria uma vida nessas aglomerações, retratando desde a infraestrutura até os talentos individuais dos moradores. Paralelamente esse foi um retrato midiático sobre o reconhecimento de talentos na “favela”: o personagem “João” em “As Aventuras de Poliana” conseguiu uma bolsa integral no colégio por mostrar seus dotes em música. 

 

  Para conscientização da população brasileira acerca das disparidades entre favela e cidade, urge que o Ministério da Educação e Cultura ( MEC) crie, por meio de verbas governamentais, campanhas publicitárias nas principais redes televisivas, mostrando os lados benéficos de se investir na favela, advertindo os telespectadores da perda que seria deixar um talento desse tipo de lado, sugerindo aos grandes empresários que invistam nesses locais. Apenas assim a coletividade alcançará os direitos normativos ditos por Dimenstein,  e as disparidades entre favelas e cidades serão superadas.