Tema: Gravidez na Adolescência

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Em sua obra “Cidadão de Papel”, o célebre escritor Gilberto Dimenstein disserta acerca da inefetividade constitucional que fragiliza a cidadania no Brasil. Nesse sentido, embora o artigo 227 da Constituição Cidadã afirme que a proteção à infância e à adolescência é dever do Estado e da sociedade, os índices de gravidez precoce ainda são alarmantes no país – o que confirma a tese de Dimenstein e expõe um problema social e de saúde pública. Com efeito, hão de ser analisadas as causas que corroboram esse grave cenário: a falta de educação sexual para os jovens e a desigualdade social existente no território brasileiro.

Em primeiro lugar, é evidente pontuar que a desinformação e a fragilidade da educação sexual fomentam os desafios  no combate a gravidez na adolescência. Nesse viés, o educador Paulo Freire defende que uma educação libertadora é aquela que prepara os indivíduos para os desafios da vida contemporânea, considerando suas necessidades e particularidades. No entanto, o sistema conteudista das escolas faz com que estas não abordem temas como sexualidade e gravidez precoce, por exemplo, privando os estudantes do conhecimento seguro acerca dos métodos contraceptivos e dos riscos físicos e psicológicos desse tipo de gestação, o que vai de encontro à função da educação tal como proposta por Freire. Além disso, muitas famílias não sabem como abordar o tema “sexo”, que ainda é um tabu, e deixam de instruir seus filhos, deixando-os mais suscetíveis a esse problema. Dessa forma, enquanto a insuficiência da educação sexual se mantiver, o número de maternidades precoces no Brasil continuará alto.

Outrossim, a gravidez na adolescência ocorre com mais frequência entre jovens em situação de vulnerabilidade socioeconômica – o que faz da sociedade brasileira um campo fértil para esse infortúnio devido aos seus altos índices de desigualdade. Sob essa ótica, o livro “Quarto de Despejo”, escrito por Carolina Maria de Jesus, demonstra que a população de baixa renda é vítima de uma cruel realidade, visto que é negligenciada pelo Estado. Assim, parte expressiva das adolescentes que integram essa parcela da sociedade não possuem planejamento familiar ou sequer vislumbram outras possibilidades de realização pessoal, entendendo a maternidade e o matrimônio precoces – muitas vezes forçados pela própria família e marcados pela pobreza e opressão – como seu único destino. Dessa maneira, contata-se que o Estado brasileiro carece de políticas públicas que promovam oportunidades e autonomia a essas jovens, o que perpetua o triste cenário descrito por Carolina Maria.

Portanto, o Ministério da Educação deve promover a educação sexual por meio de rodas de conversa regulares com profissionais da saúde que orientem os alunos, de forma dinâmica e interessante, sobre sexo seguro e sobre os perigos da maternidade precoce, objetivando mitigar a desinformação sobre esse tema, além de realizar reuniões periódicas com pais e psicólogos, para que ocorra uma efetiva intervenção familiar no enfrentamento desse problema. Somado a isso, o Governo Federal deve atenuar a vulnerabilidade social por intermédio de investimentos em saúde e educação, visando ao aumento da autonomia e da perspectiva de futuro dos jovens brasileiros de baixa renda. Com essas medidas, a cidadania no Brasil não será mais “de papel” – como denunciado por Dimenstein – será concreta, pautada na equidade e na informação.

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2 Correções

  1. NAO SOU PROFISSIONAL (essa é minha opinião, espero ajudar)
    Sua redação está bem argumentada.
    Fez uso de repertório variado.
    Tem domínio gramatical.

    No texto só peca na alta repetição de algumas palavras como por exemplo “sobre”

    Portanto, o Ministério da Educação deve promover a educação sexual por meio de rodas de conversa regulares com profissionais da saúde que orientem os alunos, de forma dinâmica e interessante, sobre sexo seguro e sobre os perigos da maternidade precoce, objetivando mitigar a desinformação sobre esse tema, além de realizar reuniões periódicas com pais e psicólogos, para que ocorra uma efetiva intervenção familiar no enfrentamento desse problema. Somado a isso, o Governo Federal deve atenuar a vulnerabilidade social por intermédio de investimentos em saúde e educação, visando ao aumento da autonomia e da perspectiva de futuro dos jovens brasileiros de baixa renda. Com essas medidas, a cidadania no Brasil não será mais “de papel” – como denunciado por Dimenstein – será concreta, pautada na equidade e na informação.

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  2. Lembrando que não sou profissional.

    “sobre sexo seguro e sobre os perigos da maternidade precoce, objetivando mitigar a desinformação sobre esse tema”

    “sobre sexo seguro e os perigos da maternidade precoce, objetivando mitigar a desinformação deste tema”

    “Portanto, o Ministério da Educação deve promover a educação sexual por meio de rodas de conversa regulares com profissionais da saúde que orientem os alunos, de forma dinâmica e interessante, sobre sexo seguro e os perigos da maternidade precoce, objetivando mitigar a desinformação deste tema, além de realizar reuniões periódicas com pais e psicólogos, para que ocorra uma efetiva intervenção familiar no enfrentamento desse problema. Somado a isso, o Governo Federal deve atenuar a vulnerabilidade social por intermédio de investimentos em saúde e educação, visando ao aumento da autonomia e da perspectiva de futuro dos jovens brasileiros de baixa renda. Com essas medidas, a cidadania no Brasil não será mais “de papel” – como denunciado por Dimenstein – será concreta, pautada na equidade e na informação.”

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