Tema: Desafios para garantir a vacinação dos brasileiros

Quando Edward Jenner desenvolveu a primeira vacina, fê-lo de forma empírica. Ou seja, embora ele concluíra que ao injetar o pus produzido por vacas infectadas pela varíola em um indivíduo o imunizava contra a mesma doença, Jenner não havia quaisquer justificativas científicas sobre como o método funcionava. Em decorrência da falta de informação perante o processo de vacinação, é compreensível que muitos duvidavam de sua eficácia e recusavam o tratamento preventivo. Todavia, a medicina avançou notavelmente no percorrer dos anos e, hodiernamente, há diversos estudos que explicam a funcionalidade de vacinas e compravam sua eficácia. Não obstante, ainda há brasileiros que aderem a mentalidade anti-vacina e, visto a abundância de informação na atualidade, é conclusivo que tal problemática deve-se à ignorância popular sustentada por desinformação.

Em primeiro plano, nota-se que a prática de notícias falsas contra a vacinação está presente desde o Brasil Império; são inúmeras as charges e artigos que questionavam e ironizavam a invenção de Jenner. Como resultado, milhares de brasileiros morreram de varíola mesmo que já houvesse a possibilidade de imunizar-se contra ela por meio de hospitais públicos. Mais tarde na histórica nacional, durante o governo de Rodrigues Alves, ocorreu a Revolta da Vacina: um motim popular contrário ao projeto público de tornar a vacinação obrigatória. Assim como na época do Império, diversas notícias falsas e informações equivocadas foram responsáveis por espalhar a desconfiança das vacinas. Posto que há forte presença de uma cultura de pós-verdades no país contemporaneamente, é inegável que o corpo social brasileiro tem um histórico de crer com facilidade em “fake-news”, pois.

Em contraste a isso, a ideia de que as sociedades de hoje passam por uma “Era da Informação” é constantemente defendida por antropólogos. Em outras palavras; nunca, em nenhum momento dos anais da humanidade, existiram tantos meios acessíveis de obter-se informação e conhecimento. Ao seguir esta linha de raciocínio, pode-se entender que há somente duas razões para a desinformação prevalecer atualmente. Ou os indivíduos que consumem o conteúdo mentiroso carecem de senso crítico e não têm a habilidade de distinguir entre falso e verdadeiro, ou eles escolhem, inconscientemente ou não, permanecerem ignaros. De acordo com a filosofia de Platão, a ignorância é a raiz de todos o mal, e isto é visível no contexto atual; por causa dos apedeutos por escolha, males já superados regressam — considere o surto de sarampo, uma doença que já fora abrandada, no ano de 2019.

Destarte, se a falta de conhecimento do povo brasileiro é uma das principais problemáticas que dificultam a vacinação deste, precisar-se-á resolvê-la prontamente. A priori, cabe ao Ministério da Educação garantir que a vacina e sua aplicação seja ensinada nas aulas de ciência natural. Por sua vez, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Informação e Comunicação deve fundar e financiar um programa televisivo transmitido em rede pública que dedique-se inteiramente a ratificar a veracidade de informações de diversas áreas, inspirado na série de entretenimento “Mythbusters”. No programa público, haveria uma temporada dedicada a cada tópico, incluindo uma centrada nas discussões acerca as vacinas. Deste modo, a ignorância do povo em relação à vacinação extinguir-se-á, o que possibilitará a garantia da vacinação unânime.

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