Tema: a banalização do uso de medicamentos no Brasil

Na série norte-americana “Grey’s Anatomy”, é retratada a necessidade dos enfermeiros medicarem corretamente os pacientes para obter avanços nos quadros clínicos destes. Contudo, essa preocupação não se estende à sociedade: há, no Brasil atual, uma banalização do uso de medicamentos. Assim, faz-se imprescindível analisar os alicerces que sustentam esse precário horizonte, citando não só a falta de informações por parte populacional sobre os riscos de ingerir, de maneira indevida, remédios, mas também a insuficiência das leis que proíbem a medicação sem prescrição de um especialista.

Nesse viés, Platão – renomado filósofo grego – defendia o conceito “Mito da Caverna”, no qual as pessoas prendem-se em grutas pela falta de informação, o que as torna incapazes de identificar os problemas sociais. Paralelamente, o Brasil enquadra-se no cenário descrito pelo pensador, haja vista que a população banaliza os riscos do consumo indevido de remédios: segundo a OMS, a cada dez internações hospitalares, uma corresponde à utilização errônea de medicamentos, sendo possível levar, inclusive, a óbitos nesses casos. Dessa forma, enquanto os indivíduos não buscarem conhecimentos, estes prenderão-se em cavernas e irão conviver com um grande obstáculo: as consequências vitais decorrentes do uso irracional de remédios.

Ademais, a inoperância das leis dificulta o combate da banalização do uso de medicamentos. Nesse sentido, consoante ao Contrato Social – desenvolvido pelo iluminista John Locke – é dever do Estado fornecer medidas para garantir o bem-estar social. Entretanto, esse ideal distancia-se da realidade brasileira, pois, embora haja leis que proíbem o uso de remédios sem prescrição médica, elas não são efetivadas no século XXI, o que promove a automedicação. Consequentemente, a civilização ignora os riscos do uso indevido de drogas farmacêuticas, uma vez que o Estado não realiza intervenções para concretizar o Contrato Social. Desse modo, faz-se iminente a eficácia legislativa para contornar a banalização do consumo de medicamentos.

Portanto, é mister a criação de medidas para incentivar o uso consciente de drogas farmacêuticas. Para isso, urge que as escolas – responsáveis por promover a formação individual – iniciem, por meio da invenção de atividades educativas, programas de leitura dos rótulos que acompanham os remédios, os quais serão denominados “cuidar clama por cuidado”, a fim de mobilizar a informação das consequências de banalizar o uso irracional de medicamentos. Outrossim, é dever do Governo Federal efetivar leis para proibir a livre automedicação. Com isso, os brasileiros terão as mesmas preocupações que os enfermeiros em “Grey’s Anatomy”.