Tecnologia: aliada ou inimiga da saúde mental?

No filme norte-americano “Her”, acompanhamos a história de um rapaz que, após separar-se da sua esposa, encontra na tecnologia um modo para afastar sua solidão, mantendo um relacionamento com uma inteligência artificial. Entretanto, no final, o filme mostra que, embora haja um prazer momentâneo no uso constante da internet, ninguém consegue viver bem sem interações reais. De forma análoga, no Brasil, ao mesmo tempo em que a tecnologia pode ser uma aliada para aqueles que estão passando por problemas, consequências ainda maiores podem surgir de seu uso excessivo.

Em primeira análise, é válido ressaltar a existência de inúmeras plataformas pela internet que promovem ajuda àqueles que estão passando por momentos difíceis, seja com atendimentos psicológicos feitos por profissionais ou com vídeos que ajudam a passar o tempo. Entretanto, como envidencia o ACT Institute, por falta de conhecimento ou interesse, grande parte dos indivíduos procura outras maneiras de usar a tecnologia para se satisfazer, seja buscando aprovação por meio de “likes” nas redes sociais ou criando novos relacionamentos unicamente pela internet.

Como supracitado, porém, as consequências de depender desses mecanismos para se sentir bem podem ser piores no final. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o uso excessivo da tecnologia pode ser classificado como uma doença por si só, além de vir a desencadear ansiedade e depressão eventualmente. Assim como mostrado no filme francês “Um Homem que Dorme”, ao desprender-se de relações sociais diretas e buscar um alívio ao invés de acabar com o problema, os indivíduos passam a viver de maneira “automática” e solitária quando o alívio vai embora, não conseguindo mais se sentir confortáveis, seja com os outros ou até com eles mesmos.

Portanto, é evidente que a tecnologia, usada de forma errada, é muito mais uma vilã do que uma aliada da saúde mental. É preciso, então, que o Governo Federal, junto ao Ministério da Saúde, crie uma plataforma on-line que disponibilize atendimentos psicológicos gratuitos através do Sistema Único de Saúde e a divulgue para que alcance todos os públicos. Dessa forma, muitas pessoas serão ajudadas e passarão a usar a tecnologia a seu favor, e não o contrário, sabendo das consequências maléficas que ela pode trazer.