Subemprego: oportunidade ou falta dela?

É fato que viver em uma sociedade é participar e compreender as camadas que nela existem. Desde o começo das organizações capitalistas – em especial na terceira fase no começo do século XX – é possível observar uma pirâmide social emergindo, onde a maioria ocupa a última e mais precária parte dessa junção de camadas na sociedade. Atualmente, no Brasil, essa fração da populção se encontra no subemprego enfrentando a falta de oportunidades e direitos, desumanização e a romantização.

Para entender melhor a relação do Brasil com o subemprego é necessário ver que trabalhar como motorista de aplicativo, camelôs e outros tipos de ”bicos” são a princípio condições temporáreas devido à dificuldades enconomicas que se tornam fixas com o tempo. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD-Contínua) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 38,8 milhões de brasileiros estavam em situações de subemprego em 2019. Ter a carteira de trabalho assinada por um emprego formal significa ter direitos à aposentadoria; auxílio doença; salário-maternidade; Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS); entre outros, direitos não devem se tornar privilégios na sociedade porém este cenário está se tornando cada vez mais comum. O caminho que leva a população menos favorecida a entregar-se ao subemprego começa nas primeiras partes da vida, devido a condições financeiras e dificuldades sociais parte dos brasileiros não terminam o ensino médio, segundo o estudo Um Olhar sobre a Educação divulgado em 2018 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mais da metade dos adultos (52%) com idade entre 25 e 64 anos não atingiram esse nível de formação. Dificuldade ascensão social e a necessidade economica trilham um o caminho que tem saída no subemprego.

A irresponsabilidade das grandes empresas e o desrespeito da classe média alta brasileira com os subempregados é vista por todos mas sem mudanças. Em 2020, motoristas de diferentes aplicativos organizaram entre si uma greve para reenvindicar direitos como: reajuste de preço mínimo por entrega; seguro de vida; auxílio em caso de roubo ou acidente e diminuição da carga horária excessiva. Além disso, tambem em 2020, diversos casos de desrespeito da população para com esses motoristas foram denunciados. Situações como essas só demonstram como grandes empresas acharam um jeito de possuir uma grande parcela de empregados sem precisar fornecer direitos trabalhistas e em consequencia esses trabalhadores não são vistos como iguais na socieadade. Porém a romantização do subemprego serve para controlar qualquer reação populacional, a ideia de estar sempre trabalhando é vista como superação de dificuldades entretanto o subemprego vem dessas situações e sem direitos não há como ter mudanças em qualquer cenário. Ou seja, é apenas um meio de apagar temporariamente os reais problemas e glamurizar a precariedade que os subempregados enfrentam.

Em suma, o subemprego vem da falta de oportunidade e da necessidade. Para que uma sociedade cresca é necessário todo tipo de emprego para todas as camadas da mesma, com todos os direitos e integridade respeitados. Cabe ao estado fornecer assitência educacional e social para que as parcelas mais baixas a sociedade crescam como igual perante ao resto, com educação e direitos. Sem a intenção de criar uma massa de manobra não pensante, pois uma sociedade que reflete, cria e julga é uma que evolui. O respeito é necessário tanto da população ao reconhecer esses trabalhadores como iguais como das empresas contratantes que devem reconhecer a importancia desses trabalhadores como principais engrenagens para o funcionamento da mesma. A carteira assinada deve ser incluida e aceita para que todos possam usufruir dos direitos que merecem e crescer junto com a população brasileira.