Sophie Scholl está viva? (LEIA)

Tema: Caminhos para a recuperação cultural no Brasil pós-pandemia

  Sophie Scholl foi uma ativista famosa contra o movimento nazista. Infelizmente, acabou sendo morta simplesmente por ter refletido sobre valores que regiam seu país. Analogamente, com a atual pandemia, vê-se, na sociedade brasileira, uma ruptura com questões culturais da sociedade, pois os indivíduos, em sua maioria, impossibilitados de exercerem seu trabalho e, principalmente, sua cidadania e inserção no ciclo social, ficam fora de um contexto que os una enquanto integrantes de algum convívio. Assim, é necessária a compreensão de tal panorama.

  Mormente, vale salientar a grande influência do espírito capitalista no mundo ocidental. Então, com um enfraquecimento na economia, é natural pensar que características afins, a saber, o próprio consumismo, sejam claramente questionadas, fazendo com que haja perda de credibilidade no modelo econômico vigente da sociedade – o qual é um fator que determina a maneira como as pessoas vivem. Nesse viés, além de haver uma queda no potencial de consumo e venda, os valores sociais são observados como mutáveis, dando instabilidade, consequentemente, ao país como um todo. Dessa forma, a falta de estímulo ao capitalismo pode ser considerada um empecilho a uma possível recuperação cultural pós-pandemia.

  Ademais, é válido notar que o Estado, através de instituições sociais, atualmente, não consegue exercer seu papel de elemento unificador do povo. Sendo assim, é de imaginar que sua própria organização esteja um caos – não é à toa que o Ministério da Saúde, em um momento tão importante, encontre-se em evidente desordem, com alteração de representantes e desconfiança por parte da mídia e da população acerca dos dados sobre COVID-19. Por conseguinte, a política acaba se desdobrando, primordialmente, como uma polarização dos próprios cidadãos e políticos e, consequentemente, numa clara imposição de ideias, ainda mais por ser uma situação bastante delicada, na qual muitos a veem como oportunidade de protagonismo. Além disso, com a ascensão de redes sociais, os pensamentos não passam de palavras, ou seja, os indivíduos, na realidade, apenas se expressam de maneira superficial e não prática. Destarte, a falta de coesão e o excesso de individualismo faz com que os costumes e valores sejam objetos de grupos e não do todo.

  Entende-se, portanto, a necessidade de retomada da cultura brasileira após a hodierna pandemia. Logo, é necessário que o Ministério da Economia fomente a compra e venda de produtos. Assim, é notável a importância de injetar, na medida do possível, dinheiro na economia, de modo que pessoas possam circular, novamente, capital. Outrossim, é imprescindível a atuação de empresas estatais em ramos estratégicos, como o setor terciário – prestação de serviços -, o qual precisa de pouca qualificação, fazendo com que a maioria da população consiga trabalhar. Com essas medidas, talvez, Sophie Scholl e a sociedade brasileira poderiam retomar a cultura após a pandemia ou qualquer grande instabilidade político-social.