Sistema Braile: A importância da sua democratização para os cegos

TEMA: “Sistema Braile: A importância da sua democratização para os cegos”

Escrito por: Moisés França

A obra literária “O Milagre de Anne Sullivan”, escrita por William Gibson, descreve a história da professora Anne, que, por meio de seu método educacional, ensina uma pessoa com deficiência visual e auditiva, a se comunicar usando o sistema braille. Isso não só possibilitou que a aluna tivesse acesso ao conhecimento e pudesse expressar suas ideias e sentimentos, mas também que ela se tornasse uma escritora e oradora inspiradora. Todavia, a subvalorização da importância de popularizar a escrita tátil no Brasil impede que deficientes visuais alcancem as mesmas conquistas pessoais retratadas na obra. Com efeito, a democratização da técnica de aprendizado em braille, mediante a capacitação de profissionais, é fundamental para promover a autonomia e a qualidade de vida de deficientes visuais.

Nesse contexto, é crucial ressaltar a urgente necessidade de habilitar docentes a lecionar por meio do método braille no Brasil. Sob esse viés, se aprendizes cegos não têm acesso a um suporte didático especial com professores qualificados, isso acaba por marginalizar esses alunos, limitando sua obtenção de conhecimento e sua participação na sociedade. Essa carência de apoio específico para acessar o sistema pedagógico representa uma falha na concepção do fundamento da educação, qual seja, a cidadania, que, conforme preconizado pelo conceito do filósofo romano Cícero, representa o alicerce primordial para o bem-estar social. Logo, investir na formação de instrutores para ensinar cegos por intermédio do braille é imprescindível para corrigir essa lacuna e promover a aquisição de conhecimento e a inclusão social, elementos fundamentais para o funcionamento da “República”, conforme defendido por Cícero.

Por conseguinte, ao democratizar um sistema educacional inclusivo para pessoas com deficiência visual, contribui-se para aumentar sua independência e comodidade. Quando pessoas cegas são ensinadas adequadamente a ler e escrever em braille, elas se tornam menos dependentes de outros indivíduos para obter informações através de livros, revistas e outros materiais impressos. Isso, por sua vez, contribui para aumentar sua motivação e senso de dignidade, pois passam a se perceber como mais autossuficientes e capazes. Dessa forma, ao ganhar independência e liberdade, pessoas com deficiência visual podem expandir suas possibilidades de participação social e profissional, melhorando significativamente sua qualidade de vida, assim como a autonomia e a vivência daquela aluna foram proporcionados pelo “milagre” da educação libertadora da professora Anne.

Impõe-se, portanto, a imperiosa exigência de uma transformação profunda na esquematização educativa brasileira. Para tanto, cabe ao Ministério da Educação – órgão responsável por definir as políticas e diretrizes do ensino no país – em parceria com as secretarias estaduais e municipais de educação, incluir o ensino do Braille como disciplina obrigatória nas escolas públicas e privadas do Brasil. Isso pode ser feito através da inclusão do Braille nos currículos escolares e da preparação de professores para ensinar o sistema. Tal ação tem a finalidade de garantir que estudantes cegos ou com baixa visão tenham acesso à leitura e à escrita, promovendo sua inclusão no processo educacional e sua autonomia. Espera-se, assim, que essa iniciativa transforme a realidade desses estudantes no país.