Saúde mental na era digital: Cyberbullying, depressão e suicídio

O filósofo e sociólogo Zigmunt Braumann em sua tese sobre a sociedade líquida apresenta as relações humanas como superficiais, e isso tem se provado verídico nas interações online. A ausência de contato pessoal promove a falta de empatia, a ostentação e a cobrança social e estética. Nosso novo normal depende da interação tecnológica, mas será ela de todo benéfica?

Influenciados pela cultura dos influencers digitais, o comportamento dos usuários de redes sociais tem se tornado vazio e ostentoso. Uma peça de roupa, uma refeição ou o treino na academia são exemplos de postagens comuns e com mais interação (curtidas, comentários). Nesse cenário, se cria um padrão de produtividade, que exclui aqueles divergentes. Estes, por sua vez, optam pelo êxodo das redes sociais em momentos de ansiedade ou depressão.

Além de segregar por ostentação, redes sociais são palco para expressar sua opinião sem represálias. Gozando dessa anarquia, a cultura de cancelamento e o cyberbullying promovem num grau ainda mais alarmante a exclusão social, agravando o problema da saúde mental pública. Comprova isso, os dados sobre aumento dos quadros de depressão na geração Z (Nascidos depois 1996, e imersos na cultura das curtidas) em 70% nos últimos 25 anos (Royal Society for Public Health).

Conclui-se a urgência da atuação do Ministério Público requerendo das empresas de redes sociais a devida fiscalização de crimes contra a honra nas plataformas digitais, aplicando as devidas punições à essas contas para a manutenção dos direitos humanos. Também que cada indivíduo monitore seu tempo de uso, talvez silenciando notificações ou em caso de várias contas, a desativação de algumas delas. E acima de tudo, que a sociedade consuma conteúdo relevante, que agregue e não segregue.