Reconhecimento dos indígenas na sociedade

Os indígenas desde muito tempo são postos de lado na sociedade, apesar de terem sido os primeiros povos em terra brasileira, não sendo, portanto, devidamente reconhecidos. Desse modo, mesmo com avanço do texto constitucional a população permanece com ideais retrógadas e preconceituosas acerca dos povos originários, o que os coloca cada vez mais à margem do âmbito social. Nesse sentido, urge haver mudanças no pensamento dos indivíduos para que os índios sejam reconhecidos pelo seu significado histórico, importância e contribuição à cultura e saberes da sociedade como um todo.

Em primeira análise, houveram avanços significativos no texto constitucional de 1988 para garantir os direitos das populações originárias. Sob esse viés, apesar dessas mudanças o corpo social do hodierno, em sua maioria, ainda possui o discurso da Constituição outorgada de 1884, a qual afirmava que o indígena não era cidadão, o que deixa claro que alterações foram alcançadas no papel, mas no pensamento da sociedade ainda não. Desse modo, assim como afirma o historiador Caio Prado Júnior, a sociedade brasileira é uma nação com ideal de colônia, pois possui raízes muito firmes com o passado histórico, sendo isso bastante evidenciado em inverdades amplamente difundidas a respeito dos índios, como as falas deles precisarem permanecer somente na floresta e a invalidação da contribuição deles na cultura e nos saberes como um todo.

Em segunda análise, os povos originários agregaram de forma grandiosa em diversos setores do âmbito social, mas não são reconhecidos. Sob essa perspectiva, várias práticas existentes no cotidiano atual são resquícios do saber indígena, a exemplo da atuação de tomar chá como forma medicinal e a nomenclatura de alguns termos. Entretanto, eles são postos a parte do todo, de modo que são tratados com insignificância e desvalorização. Nesse sentido, o filósofo Zygmunt Baumann traz o conceito de “estranhos íntimos”, os quais são sujeitos que são íntimos por fazerem parte do corpo social, mas estranhos por não serem visualizados como sendo parte, logo, evidencia-se o índio como “estranho íntimo” brasileiro, pois são elencados em um setor externo.

Destarte, é imprescindível que o Ministério da Cidadania em conjunto com o Tribunal de Contas da União – pois são órgãos responsáveis por zelar do bem-estar dos cidadãos e das finanças brasileiras, respectivamente – faça uma parceria público-privada com canais televisivos para sensibilizar a sociedade, acerca da temática, por meio da criação de novelas com o eixo temático pautado no reconhecimento e importância de valorizar e integrar os povos originários. Tudo isso a fim de que a afirmação de Caio Prado Júnior não seja mais válida no Brasil hodierno, bem como os indígenas deixem de ser os “estranhos íntimos” e passem a ser mais valorizados e reconhecidos pelos seus feitos e suas contribuições culturais e de saberes.