Publicidade infantil em questão no Brasil (ENEM 2014)

Segundo o escritor Oscar Wilde, a insatisfação é o primeiro passo para o progresso de uma nação. Consoante a esse pensamento, ressalta-se o desprazer com relação à publicidade infantil no Brasil, pois ela traz danos às crianças e, portanto, é um entrave à evolução do país. Nesse contexto, os efeitos do marketing direcionado aos pequenos são a persuasão sobre esse público, bem como o incentivo ao consumismo. 

Em primeira análise, as propagandas direcionadas ao grupo infantil são uma problemática porque têm o poder de persuadir esses indivíduos, já que eles não têm uma visão crítica sobre os interesses do mercado. Sob essa ótica, relaciona-se o pensamento do francês Pierre Bourdieu de que aquilo que foi criado para ser um instrumento de democracia, não deve ser convertido em ferramenta de manipulação. Contrariando o sociólogo, os meios midiáticos manipulam as crianças por meio dos anúncios e as induzem à compra de determinados produtos, não respeitando a ingenuidade desse público. Desse modo, o marketing infantil no ambiente brasileiro colabora para o regresso da pátria, visto que é um mecanismo de persuasão. 

Ademais, o nocivo consumismo na infância persiste influenciado pelo conteúdo publicitário. Nesse sentido, o filósofo Adorno está correto ao defender que o consumidor não é soberano, como a indústria cultural queria fazer crer, ele não é seu sujeito, mas seu objeto. Concordante a isso, tal indústria, por meio da publicidade e com interesses financeiros, faz das crianças uma peça ao incentivar o consumo excessivo, haja vista são fabricados itens com personagens além de brinquedos colecionáveis que conduzem a compra, mesmo quando não há necessidade, e, assim, ampliam o lucro das corporações. Destarte, as empresas são agentes promotoras da compra exagerada pela parcela infantil, dessa forma, esses consumidores não são tratados como pessoas, mas como objetos. 

Portanto, são necessárias medidas para combater os danos causados pela problemática. Para que isso ocorra, os pais, responsáveis pelo desenvolvimento sadio das crianças, devem acompanhar o que os filhos consomem por meio da mídia, como a TV, tal ação deve ser feita mediante o controle dos canais de informação que as crianças têm acesso, a fim de impedir que elas sejam manipuladas e direcionadas a compra demasiada. Com o mesmo objetivo, o Governo Federal deve punir, por intermédio da aplicação de multas, as empresas que divulgarem propagandas abusivas. Assim sendo, o descontentamento referente a publicidade infantil se constituirá uma ação rumo ao avanço do Brasil, como defende Wilde. 

 

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