Problemas da mobilidade urbana no Brasil // Modelo ENEM

No século XX, pelo governo de Juscelino Kubitschek, houve a necessidade de se investir em indústrias automobilísticas para que ocorresse a integração entre as regiões do Brasil, desenvolvendo, então, um projeto urbano voltado para suportar veículos. Entretanto, com o crescimento populacional, observam-se hodiernamente dificuldades no que tange a mobilização urbana no país, uma vez que as grandes cidades não estavam preparadas para a crescente quantidade de veículos, principalmente carros, no meio urbano. Assim, faz-se necessário analisar os reptos relacionados a questões estatais e culturais para mitigar a realidade.

Primariamente, vale ressaltar que o Governo participa ativamente na conjuntura do impasse ao negligenciar investimentos adequados para tal situação. O documentário “O perrengue” mostra a condição de alguns brasileiros que têm de enfrentar o estresse do cotidiano em utilizar os modais públicos, muitas vezes carentes de segurança e conforto. Sob esse viés, é nítido que a falta de capital em transportes públicos pioram o desempenho e produtividade na circulação urbana por desperdiçar o potencial de se transportar um grande número de pessoas ao mesmo instante. Desse modo, os cidadãos se sentem menos dispostos a aderirem os modais públicos para o praxe, optando por comprarem carros consequentemente aumentando o fluxo de veículos nas cidades.

Ademais, pode-se ressaltar que há um culto ao carro desenvolvido na sociedade que agrava a problemática. Isso porque, em consonância aos pensamentos do filósofo Theodor Adorno, existe uma indústria cultural, imposta no meio social, que força, por meio de propagandas nas principais mídias comunicativas e de entretenimentos, as pessoas a usufruírem de certos produtos. Nesse exegese, a figura do carro se adéqua ao fenômeno, onde indivíduos se sentem pressionados a comprarem e consumirem tais veículos para se encaixarem aos padrões da mídia, caso contrário, serão taxados de fracassados ou pobres. Devido a isso, há a circulação de muitos veículos desnecessariamente apenas para atender ao “status” de bem-sucedido, obstruindo a mobilidade urbana e promovendo trânsito.

Dessarte, é imprescindível a adoção de medidas para atenuar o impasse. Para isso, urge ao setor executivo do Governo Federal em parceria com o Ministério da infraestrutura – órgão responsável pela política de trânsito e transporte -, por meio de recursos públicos e iniciativas privadas, realizar investimentos em modais eficientes, como trens, metrôs e ônibus, a fim de criar ambientes agradáveis para que a população possa usufruir. Além disso, tal ação, consequentemente, reduzirá o culto ao carro por conta da menor necessidade de se utilizar o mesmo para com o cotidiano. Desse modo, o contexto histórico promovido por Juscelino Kubitschek será revertido e reverbere positivamente sobre a população.