Preconceito linguístico em questão no Brasil

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Preconceito linguístico em questão no Brasil

Na antiguidade, as grandes civilizações ocidentais consideravam como selvagens os grupos que não falavam latim, eram os bárbaros. Na contemporaneidade, a sociedade brasileira se estrutura de forma parecida, haja vista a existência do preconceito linguístico: a discriminação com a população que não domina a língua portuguesa culta é influenciada pelo preconceito cultural e consolidada pelo aceitamento social dos valores da classe dominante.

Nesse sentido, vale atentar para a valorização de uma cultura em detrimento de outra. De início, é necessário enfatizar que a imposição cultural constitui uma violação, ou seja, os grupos que não dominam a língua culta são constantemente violentados. De acordo com o sociólogo francês Pierre Bourdieu, o campo social é um espaço que, apesar de dialético, são os valores da classe dominante que se sobressaem, o que torna os dominados alvos de uma violência simbólica. Dessa forma, a teoria de Bourdieu revela um cenário real da sociedade, visto que a variedade linguística não é aceita ou é tida de forma subjugada em determinados campos sociais, como a escola, a universidade, o trabalho e ambientes formalizados, o que submete grande parte da população, que não tem acesso a uma plena educação formal, ao desprezo e aquém dos importantes espaços de fala.

Ademais, nota-se que o preconceito linguístico se concretiza, também, devido ao aceitamento dos valores dominantes por parte da sociedade. Nesse cenário, a consciência coletiva já internalizou o modo de pensar a cultura erudita como detentora da boa arte, dos bons costumes e da linguagem correta. Sob esse viés, o livro Industria Cultural e Sociedade, de Theodor Adorno e Max Hokheimer, profere que é o caráter repressivo da sociedade que se autoaliena, isto é, toda a ação do corpo social que visa rejeitar determinadas maneiras de ser, é uma forma de promover a alienação de toda a sociedade, a discriminação e a desintegração de parte dos indivíduos.

Portanto, reconhecidos os fatores que levam a esse cenário nefasto, torna-se imprescindível a elaboração de estratégias que visem contorná-lo. Logo, caberá ao Ministério da Educação introduzir palestras e oficinas, trimestralmente, nas redes públicas de ensino fundamental e médio, por meio de professores capacitados em história cultural, especialmente, em cultura popular, para que dessa forma seja representada e não vista, desde muito cedo, como conjunto de costumes inferiores. Além disso, em tais oficinas serão abordadas as pluralidades da língua portuguesa em variadas regiões e classes sociais. Dessa forma, ocorrerá a integração das mais variadas formas de se expressar e a visão preconceituosa das civilizações greco-romanas se distanciará da realidade brasileira.

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1 Correção

  1. Parabéns!!! Muito bem escrito o texto! Vou fazer uma correção por parágrafos e por fim atribuo uma nota, pode ser? Não sou especialista nem nada, mas espero ajudar como puder. =)

    INTRODUÇÃO
    -não observei nenhum erro gramatical, tese e problemáticas bem identificadas, claras e objetivas

    D1
    -houve a ocorrência de eco (repetições sonoras seguidas): “…a língua culta são constantemente violentados, não necessariamente de forma física, mas simbolicamente” – mente
    -não observei nenhum erro gramatical
    -vc atendeu bem à estrutura do enem (apresentação da ideia + citação de autoridade + opinião)
    -ótimo uso de conectivos, o que enriqueceu seu parágrafo, além de um rico repertório socio-cultural

    D2
    -cuidado com o excesso de vírgulas em apenas um único período, isso pode deixar a leitura cansativa
    -ausência de crase em “à cultura erudita”
    -ausência de acentuação, vírgula e nome incorreto do autor: “Indústria Cultural e Sociedade, de Theodor Adorno e Horkheimer”
    -bem estruturadom organizado e argumentado

    CONCLUSÃO
    -o que: introduzir palestras e oficinas, nas redes públicas de ensino fundamental e médio
    -como: por meio de professores capacitados em história cultural,
    -quem: Ministério da Educação
    -pra que: para que dessa forma seja representada e não vista, desde muito cedo, como conjunto de costumes inferiores
    -detalhamento: em tais oficinas serão abordadas as pluralidades da língua portuguesa em variadas regiões e classes sociais.
    -vc respondeu os 5 requisitos da conclusão, porém, acabou deixando um período muito longo. Dica: feche o período após a finalidade da proposta e inicie outro no detalhadamento, e faça as devidas alterações na pontuação. Assim sendo: “…para que dessa forma seja representada e não vista, desde muito cedo, como conjunto de costumes inferiores. Em tais oficinas, serão abordadas as pluralidades da língua portuguesa em variadas regiões e classes sociais. Dessa forma…”

    C1: 160 (se atente às vírgulas, eco e acentuação)
    C2: 200 (repertório rico e argumentação fora do senso comum)
    C3: 180 (muito bem organizado e estruturado, apenas o longo período na conclusão)
    C4: 200 (ótimo uso de conectivos e argumentação forte)
    C5: 200 (muito bem desenvolvida sua porposta)
    NOTA: 940

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