Preconceito linguístico e exclusão social

Para o filósofo Maquiavel, a mentalidade preconceituosa tem mais raízes do que os princípios. Sob essa linha de raciocínio, ressalta-se a necessidade de discutir o que enraíza o preconceito linguístico, o qual é um instrumento de exclusão social. Nesse contexto, evidencia-se como influenciadores da problemática a desigualdade de acesso à educação, bem como o silenciamento por parte da sociedade. 

Em primeira análise, essa discriminação é provocada pela discrepância no acesso ao ensino, que é elitizado. Na obra “Vidas Secas” de Graciliano Ramos retrata-se a história de Fabiano, homem pobre e carente de estudo, que é constantemente oprimido pelos possuidores de conhecimento. Sob essa ótica, é perceptível a influência da capacidade econômica sobre o acesso ao saber, pois aqueles que tiveram uma boa educação e foram ensinados acerca da conotação formal da língua, na maior parte das vezes, subjugam a forma de falar dos que não possuíram essas mesmas condições, haja vista muitos precisam abandonar a escola cedo para trabalhar devido à má situação financeira. Dessa forma, tal conjuntura consolida o preconceito linguístico, assim como a segregação das camadas periféricas. 

Ademais, a falta de debate sobre essa intolerância colabora para manter o atual cenário de exclusão. De acordo com Machado de Assis, um preconceito pode ser desfeito a partir da reflexão. Nessa perspectiva é imprescindível a desconstrução da ideia segregacionista de que só existe uma maneira correta de se comunicar verbalmente, a saber aquela concordante à gramática normativa. Tal forma errônea de pensar está consolidada na coletividade, uma vez que não há a discussão apropriada, nas escolas e meios comunicativos, acerca do caráter mutável da língua. Desse modo, a consciência discriminativa e excludente presente no corpo social não é desconstruída. 

Portanto, são necessárias medidas para mudar o panorama contemporâneo. Para conter o discurso intolerante à variância linguística, as instituições educativas devem educar os estudantes a respeito dessa diversidade, isso será feito mediante a realização de seminários que debatam o tema. Esses eventos devem ser transmitidos nas redes sociais online e contarão com a presença de especialistas no assunto. Paralelo a isso, o Ministério da Educação precisa investir no sistema escolar público, com o objetivo de diminuir a desigualdade de estudo. Sendo assim, as raízes preconceituosas que corroboram para a exclusão serão inibidas. 

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