DOENÇAS MENTAIS NO BRASIL-CORRIJO DE VOLTA

A obra ” Desespero ” de Gustave Couvert retrata um jovem com o semblante extremamente aflito, como se pedisse socorro.De forma análoga , esse é o sentimento de inúmeros portadores de distúrbios mentais que, em pleno século xxi, ainda sofrem com o terrível cenário de preconceito e descaso tanto por parte do Estado, que não garante tratamento de qualidade a esses cidadãos, quanto pela falta de informação da população , que julga de forma errônea deficientes mentais. Logo, essa situação catastrófica atravanca o desenvolvimento social da nação .
Segundo a Constituição Federal de 1988, todo cidadão tem direito à saúde. Contudo, essa garantia é vilipendiada, diante da falta de infraestrutura dos hospitais, que não oferecem sequer medicamentos de uso comum, já que muitos permanecem em falta por longos períodos, o que prejudica a já crítica saúde desses indivíduos. Somado a isso, há a falta de profissionais empáticos, que ofereçam um atendimento respeitoso e atencioso, ao invés de uma consulta impessoal e distante.Assim, o Estado não cumpre sua obrigação de ajudar e tratar os portadores de doenças mentais, e corrobora para a manutenção de estigmas contra esse grupo.
Ademais, o filósofo iluminista Kant define como autonomia o processo em que o indivíduo deixa de formar sua opinião a partir de terceiros.Todavia, grande parte da população permanece na heteronomia e acredita em ideias inverídicas, como a de que transtornos mentais são dramas, que podem ser curados sem tratamentos médicos. Desse modo, distúrbios mentais que precisam ser tratados como outra doença qualquer, são muito estigmatizados , o que piora ainda mais o sofrimento de seus portadores, que padecem grande parte da vida sem buscar ajuda por vergonha ou medo do preconceito, e têm sua qualidade de vida e relações interpessoais afetadas de forma significativa.
Destarte, é necessário que o Estado invista em infraestrutura e profissionais capacitados para o tratamento de pessoas com distúrbios mentais, através do Ministério da Saúde, que deve sempre manter positivos os estoques de medicamentos, além de capacitar profissionais, como psicólogos e médicos, de forma que tratem com mais atenção os pacientes, a fim de garantir o tratamento e bem-estar dessa parcela da sociedade. Cabe ainda a essa instituição de poder mostrar à população que doenças mentais não são “besteiras”, com o intuito de diminuir o sentimento de desespero vivenciado por portadores dessas síndromes.