Prática do cancelamento

No dicionário a palavra linchamento pode ser vista como uma prática violenta de várias pessoas contra um alvo comum, mais especificamente uma execução de criminoso realizada pelo povo. Tal ação vem desde épocas em que pessoas pretas eram linchadas em público por puro racismo e nos dias atuais pode ser vista em outro termo, o cancelamento nas redes sociais, algo que vem sido feito quando um usuário comenta algo considerado impróprio e os demais comentam ofensas em massa para “cancelar” o primeiro. A prática pode ser interpretada de maneiras distintas e deve ser vista por perspectivas positivas e negativas, pois consequências que vão para ambos lados se sucedem dessa ação. Assim, a problemática de cancelar uma pessoa deve ser analisada a fim de por a questão em pauta e tornar o cancelamento algo mais debatido e não dado como certo apenas.

Primeiramente, aponta-se o ponto negativo do cancelamento, a ação coletiva de condenação a um ser humano, que é degradante e inválida dependendo do quadro em questão. Assim, torna-se imperativo que seja analisado o contexto a que vai se cancelar para evitar algo desnecessário para o indivíduo, que deveria repensar suas ações antes de realiza-las. Toma-se como exemplo os próprios filósofos, que passavam seus dias em ócio, apenas pensando e disso surgiam grandes reflexões sobre o mundo, o que deveria ser feito no mundo moderno, sempre movimentado e sem tempo para o desenvolvimento o pensamento crítico do ser humano. Por isso se vê a cada dia mais julgamentos infundados  e menos críticas construtivas nas redes.

Em segunda análise, pode-se mencionar que nos casos “certos”, o cancelamento é uma prática de fato da cidadania do indivíduo que pode segundo a lei realizar justiça socialmente, e isso, de fato, ocorre, pois a Internet passou a ser uma ferramenta de globalização e discussão que quando usada para fins positivos, pode ser algo bom. Desta se vê verdadeiros cidadãos do mundo que fazem a diferença e veem a verdadeira injustiça no seu dia dia, utilizando ferramentas de fim individual para o benefício coletivo. Nessa linha, pode-se dizer que a afirmação de Simone de Bevoir se encaixa no cenário presente, quando substitui-se o termo mulher por ser humano em sua frase: Ninguém nasce mulher, torna-se”.

Diante do exposto, deve-se intervir para que o cancelamento infundado não ocorra, a partir dos meios de comunicação, que podem realizar uma varredura em práticas errôneas a partir de suas ferramentas tecnologias e recursos mais avançados, além de uma equipe direcionada especificamente a isso. Ademais, cabe ao Poder Legislativo considerar a prática como crime Federal por ferir o indivíduo em sua condição humana, algo que não deve ser tolerado e ao Judiciário punir os crimes como devido.