O romance filosófico “Utopia” – criado pelo escritor inglês Tomas Morus no século XVI – retrata uma civilização perfeita e idealizada, na qual a engrenagem social é muito segura e desprovida de conflitos e problemas. Entretanto, tal prerrogativa não tem se reverberado na prática quando se observa a falta de responsabilidade no volante. Nesse sentido, destacam-se dois aspectos importantes: a insuficiência das leis e a lenta mudança da mentalidade social.
Em primeira análise, deve-se ressaltar a falta de medidas governamentais para combater a imprudência no trânsito. De acordo com a Constituição Federal de 1988, a segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, contudo, isso não está ocorrendo no Brasil. Logo, por causa da baixa operação das autoridades, não ocorre, muitas vezes, a fiscalização em ruas e rodovias e, tampouco, a devida punição para infratores da Lei Seca, essa impunidade faz com que não se preocupem com a lei, arriscando a segurança de outros indivíduos. Desse modo, faz-se mister a reformulação dessa postura estatal de forma urgente.
Ademais, questões sociais também podem ser apontadas como promotoras do problema. Sob a perspectiva do filósofo Pitágoras, enquanto as leis forem necessárias, os homens não estão capacitados para a liberdade. Partindo desse pressuposto, percebe-se que os cidadãos não compreendem a responsabilidade e os riscos que a embriaguez ao volante pode causar, isso devido não só a impunidade, como também à ausência de debates sobre o assunto. Destarte, tudo isso retarda a resolução do empecilho, já que a mentalidade da população contribui para a perpetuação desse cenário.
Depreende-se, portanto, a necessidade de combater esses obstáculos. Para isso, é imprescindível que o Ministério da Justiça, por meio das grandes mídias, divulgue campanhas sobre os perigos de dirigir embriagado, também alertando sobre fiscalizações severas e a punição para os infratores da lei, com objetivo de garantir que a mesma seja cumprida. Com essa ação, a sociedade brasileira caminhará para a liberdade mencionada por Pitágoras.
marianailezyszyn
(Nota: Também sou uma reles mortal – e aluna – que busca aprimorar a redação)
A introdução conta com um repertório sociocultural que abre a discussão da embriaguez no Brasil. Como adendo, só deixaria a dica de trocar o nome Thomas Hobbes por Tomas More (ou Morus, em latim), já que é ele de fato o escritor desse livro – uma ótima escolha de repertório, por sinal. Além disso, percebi que na comparação com a realidade brasileira faltou justamente algum elemento que pontuasse isso, como por exemplo na frase “[…] quando se observa a falta de responsabilidade no volante (eu acrescentaria, por exemplo, “na atual sociedade brasileira”). Como tese, identifiquei duas problemáticas : a insuficiência das leis e a lenta mudança da mentalidade social.
No 2º parágrafo, há a abordagem na ordem do que foi dito anteriormente, isto é, primeiramente a falta de punição aos infratores (a qual é prevista em lei). Assim, a referência à “Constituição Cidadã” embasa o trecho “faz-se mister a reformulação dessa postura estatal”, já que esse conjunto de leis faz parte de um arcabouço legal do próprio Estado.
No 3º parágrafo, mais uma vez temos a correta ordem da problemática a ser relatada, pois aqui discorre-se sobre os problemas sociais. Minha única colocação seria na expressão “tudo isso” para se referir ao cenário de negligência social e falta de debate público, pois a substituiria por outra mais específica (como por exemplo, esse cenário, essa conjuntura). Fora isso, o parágrafo (e o restante do texto) estão bem coesos e coerentes.
Por fim, a proposta de intervenção é bem ampla, mas detalhada, colocando a questão da divulgação das consequências de se dirigir embriagado ao grande público (por meio da mídia em geral); além das punições penais decorrentes desse fato. No última frase, o repertório do terceiro parágrafo é retomado para criar uma frase de efeito, a qual encaminha-se para o argumento de que é preciso que cumpramos as leis para sermos livres.
Não achei nenhum desvio gramatical por ora, e acho que seu texto seria cotado com pelo menos uns 800 pontos no ENEM (pela minha própria experiência com a redação). Apesar de eu não poder fazer uma análise mais aprofundada (pois não sou especialista), todos os elementos do texto conversam bem entre si, o que dá uma ideia de progressão textual (introdução + tese(s) + desenvolvimentos 1 e 2 + conclusão).
Continue se esforçando, sua redação ficou muito interessante. Aproveite essas críticas construtivas para continuar treinando. ;)
ludmilatoledo
Oie, é minha primeira vez corrigindo uma redação, mas prometo fazer meu melhor :)
A forma como o assunto foi introduzido no primeiro parágrafo serviu como uma ótima base para que ao longo do texto as opiniões e questionamentos fossem aboradados.
De forma geral, só tenho uma coisa a alegar, na conclusão a palavra que a iniciou foi “depreende-se”, neste caso o certo seria o uso da mesóclise, porém como ela se trata de um português do século XIX e começo do século XX, tabém não seria benéfico. Tente colocar “levando os pontos citados acima”, ou algo parecido com isso, não é um erro que vai tirar pontos da sua redação, mas é bom evitar.
Acho que é só isso, perdão por qualqer coisa :)