Pequenas corrupções e o jeitinho brasileiro

No livro  “O jeitinho brasileiro: a arte de ser mais igual que os outros”, de Lívia Barbosa é abordado o conceito dessa característica do povo brasileiro, que consiste na busca da forma mais simples de resolver algum problema. Hodiernamente, é comum os grandes casos de corrupção e os seus escândalos envolvendo os governantes do país. Entretanto, a corrupção não está presente somente na política, mas sim acompanha o dia a dia da população através de pequenos atos e do famoso “jeitinho brasileiro”, ações essas que afetam a vida em sociedade e tornam essa importante cultura brasileira algo nocivo. Logo, torna-se necessária medidas que atenuem essa problemática do Brasil 

 

A priori, é importante pontuar que a corrupção é caracterizada pela obtenção de vantagem sobre algo ou alguém, prejudicando o outro. Ações tidas como cotidianas para população brasileira como furar a fila de um banco ou lotéricas e burlar leis de trânsito, são exemplos dessas pequenas corrupções que ajudam a banalizar um sistema corrupto e a gerar uma sociedade desigual e tóxica. Isso mostra que, diferente do pensado por boa parte da população a corrupção não é somente ações grandiosas que geram problemas de grandes proporções para o país, ela também afeta de forma sutil o dia a dia do brasileiro, interferindo nos preceitos da Constituição Federal que em seu Artigo 5° garante direitos iguais a todos.

 

A posteriori, é necessário destacar que o “jeitinho brasileiro” não pode ser visto somente como algo negativo, pois ele também é caracterizado pela habilidade da população de encarar situações e problemas difíceis de forma simples e rápida. Essa cultura brasileira está totalmente ligada à sobrevivência das camadas mais pobres diante das desigualdades do país, pois assim como cita Luís Roberto Barroso esse jeitinho é “um meio de enfrentar as adversidades da vida”. Ou seja, essa característica não é somente nociva, ela também atinge diferentes aspectos sociais e garante ao indivíduo uma vida mais alegre, mesmo com a realidade precária do país, e não pode ser resumida a pequenas corrupções. 

 

Diante do exposto, fica claro a necessidade de mudanças que busquem reeducar o brasileiro, extinguindo as pequenas corrupções e retirando os aspectos negativos do “jeitinho brasileiro”. A Escola, como principal órgão disseminador de conhecimento, deve, através de atividades extracurriculares, de campanhas e de debates, mostrar ao aluno que as pequenas corrupções afetam de forma significativa  o cotidiano da sociedade, buscando assim a mudança de pensamento da população. Associado a isso, a família, deve, através de diálogos entre pais e filhos, incentivar a criança ou adolescente a não cometer tais atos, buscando formar pessoas justas. Somente assim essa importante cultura brasileira se tornaria algo de características exclusivamente benéficas.