Participação política entre os jovens

Em concordância com o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade pode ser comparada com um corpo biológico, tendo em vista que ambos necessitam de interação e igualdade entre todas as partes para se manterem saudáveis. No entanto, em um âmbito social em que a falta participação dos jovens na política se tornou um empecilho notável, percebe-se o oposto de uma comunidade saudável, tal problemática ocorre, devido, não apenas por uma herança cultural, mas também pela ineficácia das instituições de ensino.

Diante desse cenário, é importante abordar a cultura da invisibilidade política por parte da população como um fator agravante do problema. Historicamente, o corpo social brasileiro participa de maneira pouco efetiva na democracia nacional, pois, desde a proclamação da República, em 1889, até a contemporaneidade, houve momentos em que a classe trabalhadora era obrigada, pela burguesia, a votar em determinado candidato e períodos de ditaduras, na qual o congresso era fechado e as votações feitas de maneira indireta. Sendo assim, nota-se que, mesmo após o fim do governo imperial, os cidadãos, em sua maioria, continuaram com as suas opiniões políticas sendo negligenciadas e que, graças a isso, não houve a busca por um maior conhecimento sobre o tema. Consequentemente, o pensamento comum de desprezo aos assuntos políticos foi passado para uma geração subsequente até atingir os jovens atuais. 

Ademais, a inércia das escolas tem colaborado diretamente com o pouco ou nulo interesse das crianças e adolescentes em relação às ciências políticas. Qual a importância do voto? Quais são as principais diferenças entre grupos da direita e esquerda? Durante a formação escolar, os alunos são estimulados a aprender sobre os elementos da tabela periódica, todavia não os é ensinado, de maneira aprofundada, que, ao votar, a pessoa não está cumprindo uma obrigação, mas sim exercendo um direito que há poucas décadas não era respeitado e que, ao praticar tal ação, o futuro econômico e social do Brasil é decidido. Além disso, é lecionado sobre o ciclo do carbono, entretanto pouco se fala que, de modo resumido, a direita defende a ideia da existência de uma hierarquia econômica, enquanto a esquerda possui o pensamento que deve haver uma igualdade entre as classes. Portanto, torna-se difícil desenvolver a afinidade do jovem com a política quando, durante sua formação, há uma escassez de informações sobre o tema.

Dessa maneira, devido ao histórico cultural e à falha institucional, o desinteresse dos jovens na política continua presente na nação contemporânea e é preciso que haja intervenções. Assim sendo, faz-se necessário ao Poder Executivo, com auxílio do Ministério da Educação, através da implementação de matérias relacionadas à política básica nas grades curriculares das escolas, contribuir para um maior contato com a temática durante a infância e adolescência. Outrossim, cabe às instituições de ensino promover palestras discursando acerca das consequências de ser um analfabeto político. Medidas assim possuem o objetivo de tornar, gradualmente, a participação política dos jovens mais perceptível e efetiva.