“Papel da educação financeira no desenvolvimento da autonomia dos brasileiros”

Em sua obra “Cidadão de papel”, o célebre escritor Gilberto dimenstein defendeu que a consolidação de uma sociedade democrática exige a garantia dos direitos fundamentais de um povo. Seguindo essa lógica, a realidade contemporânea faz o oposto, uma vez que a questão da educação financeira ainda não foi concretizada, fator que gera uma ausência de autonomia e desenvolvimento do controle monetário. Sob esse viés, é válido discutir o porquê da importância do ensino financeiro, bem como os entraves que dificultam a concretização deste.
Em primeiro lugar, observa-se que a importância da educação financeira se relaciona com a necessidade de se manter um padrão de vida estável a longo prazo. Tal situação ocorre, porque, desde a popularização da Imprensa século XIX, disseminou-se um ideal de consumismo exacerbado, como o “Padrão de vida americano” por exemplo, o qual tem o objetivo de beneficiar apenas as grandes corporações, deixando de lado o desenvolvimento do controle capital pessoal. Logo, a sociedade do consumismo confirma os números mostrados pelo site “Senado” , onde 93% dos brasileiros nunca aprenderam a administrar o próprio dinheiro. Dessa forma, a educação financeira nas escolas funciona como uma espécie de âncora para um povo com escasso hábito de economia, proporcionando autonomia e desenvolvimento neste âmbito.
Ademais, o principal entrave que dificulta a concretização de uma educação financeira de qualidade é o próprio perfil do ensino brasileira, o qual tem o objetivo de formar cidadãos apenas como mão de obra. Isso ocorre, porque, assim como teorizado pelo sociólogo Marcos Andrade de Carvalho, observa-se a formação de uma cidadania Operária que gera cidadãos com baixo poder crítico, ou seja, que não correm atrás de seus direitos, como o de obter educação financeira desde o colegial por exemplo. Assim, forma-se um ciclo de desigualdade, observado no fato de o país ocupar o 9 lugar neste ranking, tendo cidadãos que se habituam a não garantia de seus direitos, confirmando dizeres como o da pensadora Simone beauvoir: ” o mais escandaloso dos escândalos é que nos habituamos a eles”.

Destarte, é mister avaliar as raízes e frutos do quadro. Para conscientização da população brasileira, urge que o Ministério da Educação (ME) crie, por meio de verbas governamentais, campanhas publicitárias nas redes sociais, que detalham a importância da educação financeira para a formação de cidadãos autônomos com o seu capital e adivirtam estes do perigo consumista a que estão diariamente submetidos, sugerindo que busquem seus direitos. Apenas assim, a coletividade alcançará a consolidação democrática dita por Dimenstein.