Os principais obstáculos para o combate ao tráfico de pessoas no Brasil

No filme “Doce vingança 2” da New Line Cinema, é retratado o drama de uma jovem norte-americana que foi amordaçada e violentada por uma dupla de “fotógrafos profissionais”, e depois levada ao leste europeu para servir como escrava sexual de um milionário ucraniano. Ao longo da trama, a narrativa revela a ingenuidade da moça, de origem interiorana, frente às propostas de carreira dos homens e a extrema rapidez com que ela chega no outro lado do mundo sem ser notada pelas autoridades. Fora da ficção, fica claro que a realidade apresentada no filme pode ser relacionada àquela do Brasil contemporâneo: o combate ao tráfico de pessoas encontra sérios obstáculos na ignorância popular a respeito do assunto e na inoperância governamental.

Em primeiro lugar, é importante destacar que a falta de conhecimento da população em geral sobre o tema é um importante entrave nesse sentido. De acordo com o geógrafo brasileiro Milton Santos, o meio técnico-científico-informacional revolucionou a forma de organização da sociedade e, principalmente, a propagação de propagandas e informações ao redor do mundo. Também, sabe-se que mais da metade das pessoas não têm acesso a internet, e que a maioria dessas pessoas estão entre as classes mais vulneráveis. Outrossim, são os indivíduos mais afetados socioeconomicamente os mais atraídos para o tráfico humano, por promessas de trabalho e carreira. Assim, é patente que a desinformação do povo tupiniquim acarrete em um problema grave no que concerne ao tráfico humano.

Além disso, há a alta negligência dos governantes em relação a tal fenômeno atual. Segundo o filósofo e escritor Friedrich Nietchze “a verdadeira função de um estadista é exercida em momentos difíceis”. Paralelamente, pode-se notar a ineficiência da atuação das autoridades brasileiras acerca do tráfico de pessoas em números: a Global Report on Traficking in Persons mostra que, em média, 100 casos de tráfico de crianças e adolescentes são registrados por ano no Brasil. A maior parte desses jovens são levados para o caribe ou para o Oriente Médio, com o intuito de serem usados para o trabalho infantil e escravização sexual. Logo, é possível afirmar que o governo é ineficaz nesse quesito, constituindo-se também em um entrave.

Portanto, é mister que sejam tomadas providências para amenizar o quadro atual. Para lidar com a ignorância popular sobre o tráfico humano, urge que o Ministério da Educação e da Cultura implemente, por meio de alunos e professores das diversas instituições educacionais públicas do país, campanhas publicitárias que conscientizem a população a respeito das medidas preventivas e cautelares contra o rapto de indivíduos. Não só, o Ministério da justiça e da segurança pública deve criar, através de parcerias com nações vizinhas, um sistema de segurança que faça o controle das rotas de tráfico humano nas fronteiras e no interior do país. Sendo assim, será possível evitar milhões de falsos ensaios fotográficos em todo o Brasil.