Os perigos da automedicação na cultura brasileira

No seriado de TV “Dr.house”, o protagonista é viciado em medicamentos que aliviem suas dores musculares, porém o mais notório é a total liberdade que ele tem quanto a utilização dos remédios. De maneira análoga à obra televisiva, ascende-se a questão dos perigos da automedicação na cultura brasileira, uma vez que se observa o elevado número de pessoas que, sem restrições ou prescrições médicas, ingerem fármacos para o alívio das dores e o bem-estar imediato. Portanto, esse cenário configura um desafio a ser atenuado, relacionado ao surgimento da “internet” e na inadvertida utilização de remédios como princípios originários do impasse.

Primeiramente, pode-se afirmar que o aparecimento da “internet” é um fator que corrobora negativamente na conduta de um indivíduo. Segundo Buckminster Fuller, desenhador estadunidense “A humanidade está adquirindo toda a tecnologia certa por todas as razões erradas”. Sob tal ótica, em busca de praticidade em obter respostas rápidas para um problema de saúde, muitas pessoas substituem o médico pelo “Dr.Google”, deparando-se com inúmeros artigos de sugestões de fármacos. Assim sendo, confiantes do que dizem os sites, se aproveitam da fácil obtenção de remédios em farmácias para se automedicarem. Logo, a disponibilidade de informações na “internet” traz a ilusão de que um cidadão está se tratando corretamente.

Por conseguinte, o uso indevido de medicamentos se caracteriza como um segundo elemento a ser analisado, uma vez que atinge diretamente a saúde do indivíduo. Nesse sentido, o médico Paracelso já declarava: “A dose faz o veneno”. Sob esse viés, cada organismo reage de uma maneira com certas substâncias, necessitando de uma dosagem e prazo de utilizações corretas de modo a combater um problema. Contudo, com o uso incorreto de tais substâncias, uma pessoa pode praticar a superdosagem induzindo o organismo ao vício, aumento de resistência ao medicamento, intoxicação e, até mesmo a morte. Assim, o uso inadimplente dos fármacos podem agravar e dificultar o tratamento da situação.

Dessarte, é evidente que ações devem ser tomadas para a resolução do impasse. O Governo Federal e o Ministério da Saúde, em parceria, através de recursos públicos e iniciativas privadas, devem elaborar propagandas e campanhas com o objetivo de conscientizar a população, sendo a primeira realizadas em meios com muito acesso, como redes sociais e televisões, e a segunda em escolas por jogos interativos. Ademais, cabe a Vigilância Sanitária, por intermédio de criação de leis, providenciar uma maior restrição em farmácias quanto a venda de medicamentos sem receitas com o intuito de prevenir a automedicação da população. Só assim será possível que casos como da série “Dr.house” não aconteça na sociedade brasileira.