Os impactos dos influenciadores digitais na formação de opinião dos brasileiros

No livro “De Gutenberg à internet”, Henrique Gandelman, médico e escritor, discute a respeito dos conceitos básicos da internet e como agem para modificar a opinião pública por meio de seus poderes. No quadro contemporâneo, entretanto, a obra de Gandelman traz reflexões de um mundo globalizado que se assemelha à vida do brasileiro: o poder de influência pública e a manipulação parcial, que contribuem para perpetuar a sociedade em uma grande bolha social. Necessita-se, portanto, a compreensão das causas e efeitos dessa problemática.

Primordialmente, convém destacar que a alteração opinativa do público conectado ao mundo cibernético age em função do influenciador e seu status social. A esse respeito, o caso recente que envolve o policial militar Gabriel Monteiro, também influenciador digital, com o ex coronel da Polícia Militar Estadual do Rio de Janeiro (PMERJ), Ibis Pereira, causou repercussão devido a questionamentos feitos por ambos, o que acabou por dividir os internautas. No entanto, a autoridade e respeito que ambos detêm, faz com que se apoderem desses recursos para mudar a opinião de seus seguidores a seus favores.

Consequentemente, nota-se a manipulação do público em razão da parcialidade, em que o indivíduo se limita da informação e prejudica seu senso crítico. Acerca dessa premissa, o filósofo francês Jean Besnier afirma que a globalização veio para facilitar a realidade do homem. Analogamente, uma sociedade globalizada ociosa que não busca se atualizar, priva-se das informações e afeta em seu desenvolvimento crítico. Nesse sentido, é intolerável que tal consequência persista. Exige-se, portanto, medidas interventivas.

É necessário, diante do exposto, que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Cabe ao Ministério da Educação e Cultura (MEC), em parceria com os influenciadores digitais, alertar o corpo social por meio de projetos de leituras em escolas e universidades. Tal ação funcionará periodicamente, com momentos de leituras coletivas e debates sobre livros a escolha da coordenação pedagógica a fim de despertarem a curiosidade dos alunos e universitários, promovendo, assim, a formação de opiniões. Dessa forma, com indivíduos pensadores e capazes de opinar sobre algo de acordo com seu pensamento, a sociedade irá contra aos impactos descritos por Gandelman, estes que, em maior causa, elevam o risco de manipulação.