“Os impactos do Lixo eletrônico no meio ambiente brasileiro”

Manoel de Barros, grande poeta pós-modernista, desenvolveu, em suas obras, uma “teologia do traste”,cuja principal característica reside em dar valor às situações frequentemente esquecidas ou ignoradas. Seguindo a lógica barrosiana, faz-se preciso, portanto, valorizar também a problemática dos impactos do lixo eletrônico no meio ambiente, que se encontra silenciada no Brasil. À vista disso, destacam-se a displicência escolar e a omissão do Estado como causas dessa adversidade.

Diante desse cenário, é possível observar que a lacuna educacional potencializa o impasse. Nesse sentido, para Paulo Freire, educador brasileiro, as instituições escolares precisam abandonar a metodologia tecnicista, dando lugar à construção transformadora, embasada na conscientização social. No entanto, os espaços educativos, por vezes, ao passo que priorizam o conhecimento técnico, não preparam os indivíduos para preservarem o meio ambiente para as futuras gerações, o que, por conseguinte, ocasiona comportamentos danosos à ambiência, a exemplo do descarte inapropriado de lixo eletrônico. Dessarte, a fim de ir ao encontro do pensamento de Freire, a conduta escolar precisa ser repensada urgentemente.

Ademais, urge ressaltar a negligência governamental como agravante do revés. Acerca disso, o filósofo Thomas Hobbes, em seu livro “Leviatã”, defende que é dever do Estado proporcionar meios que auxiliem o progresso de toda a coletividade. A máxima do intelectual, todavia, não se aplica à conjuntura hodierna, uma vez que as autoridades governamentais não agem para criar ações que resolveriam a situação do lixo eletrônico, como o incentivo à reutilização dos aparelhos tecnológicos, atitude a qual diminuiria consideravelmente o entulho digital no país. Logo, enquanto não houver uma ressignificação desse árduo panorama, manter-se-á em vigor esse problema socioambiental no Brasil.

Isso posto, torna-se primordial mobilizar ações para atenuar o descarte incorreto do E-lixo no meio ambiente. Desse modo, as escolas – responsáveis pela transformação social – devem combater a omissão educacional, por meio de projetos pedagógicos, como palestras e oficinas sobre os lixos eletrônicos. Essa iniciativa terá a finalidade de romper a inércia estatal e de garantir que o Brasil seja uma nação responsável e, de fato, livre dos impactos ambientais gerados pelo abandono inadequado de lixos tecnológicos. Assim, a ideia do poeta Manoel de Barros poderá ser convertida em realidade.