Os estigmas associados às doenças mentais na sociedade brasileira

 “Por Lugares Incríveis”, de Jennifer Niven, é um drama literário que narra a história de um jovem que sofre de transtorno bipolar grave. Theodore Finch tem seus sumiços como algo normal para seus amigos, mas a verdade por trás deles são episódios de ansiedade e depressão e no final da narrativa todos são surpreendidos com o seu suicídio. Embora o livro conte uma história que se passa nos EUA, ela não se difere de alguns dos desfechos que o estigma relacionado às doenças mentais traz à sociedade brasileira. Estes que, também, fazem com que o bem-estar mental seja deixado em segundo plano e o número de problemas emocionais cresça cada vez mais.

     Em adição, é pertinente citar o artigo 6 da constituição brasileira, que afirma que o acesso à saúde é direito básico de todo cidadão. No entanto, o preconceito sobre o problema supracitado influencia a população a, inconscientemente, a negligenciar a prática ativa desse direito. Além disso, ainda, traz chagas para o ambiente escolar, tais como, o bullying: violência que agrava consideravelmente o estado mental de quem é o alvo. Nota-se então, que a falta de disseminação de informações e assistência nesses espaços favorecem esse cenário normalizado e problemático.

Contudo, ainda, é inerente apontar o fato de que o Brasil é o país mais ansioso do mundo e o 5° mais deprimido, segundo o Ministério da Saúde. Sob esse dado, vale refletir quais fatores colocam o nosso país nessas posições. Muitos deles, além dos problemas pessoais de cada um, são os que não estão no controle do brasileiro, como por exemplo a situação política, econômica e a crescente taxa de desemprego. Todavia, apesar desse dado tão alarmante, a maioria não procura ajuda e isso deve-se, também, ao fato de não ser algo estimulado no círculo social, principalmente nas comunidades mais pobres.

Dessa forma, torna-se indispensável medidas que revertam esse quadro. Para tal, é fundamental que o Ministério da Educação determine a obrigatoriedade na grade escolar do Ensino Fundamental seminários semestrais ministrados por um psicólogo infantil com rodas de conversas que visem informar de modo dinâmico sobre o assunto e exercitar a tolerância. Além disso, é importante que o Ministério da Educação junto com o SUS coloque em prática um projeto que demande que um psicólogo do SUS se desloque uma vez por semana para as Escolas de Ensino Médio se um aluno tiver solicitado uma consulta. Dessa maneira, além de erradicar o estigma e a intolerância desde a infância, o acesso a um profissional da área se tornaria mais prático aos jovens estudantes, formando adultos mais compreensíveis e que buscam cuidar da saúde mental efetivamente, afastando-se assim, de um final como o de Finch.

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