Os efeitos do uso promíscuo das redes sociais como ferramenta jornalística

Uma mentira contada mil vezes acaba se tornando uma verdade, esta frase atribuída a Joseph Goebbels diz muito respeito ao modo como a sociedade contemporânea lida com a informação. De modo semelhante esta realidade se apresenta na conjuntura política e social brasileira ao ter as redes sociais como os maiores disseminadores de informações que, devido a baixa curadoria, sensacionalismo e deliberadas mentiras, acabam por causar uma série de efeitos negativos para a sociedade como um todo. Tal artifício sendo utilizado por grupos extremados e, por vezes, mal-intencionados e também a introdução dos meios de comunicação tradicionais de forma inadequada na dinâmica digital tendem a ser fortes alicerces para a manutenção desses problemas.

A priori, os principais problemas advindos da relação entre jornalismo e redes sociais, na verdade, tendem a ser frutos de movimentos fanáticos que tem na internet sua maior rede de engajamento. Tal como o ódio dos civis do romance “1984” de George Orwell pelo Goldberg, o condicionamento cego a uma doutrina de fácil aderência em que há um elemento inerentemente vil e que atenta contra as bases de uma sociedade tende a inflamar os mais vulneráveis e a buscar a conversão dos outros como uma tarefa messiânica de apoio a um bem maior. Nesse cenário as fake news se criam e se disseminam com uma velocidade insondável, o que causa problemas incalculáveis.
Ademais, os meios de comunicação tradicionais (rádio, televisão, jornais) ao se integrarem na lógica cibernética atual acabam por exceder os limites da razoabilidade no que tange ao papel do jornalista. Por exemplo, os “clickbaits”, cuja tradução bastante ilustrativa é “isca de cliques”, têm sido cada vez mais comuns mesmo em veículos de comunicação social com renome, deixando frases chamativas e fora de contexto para atrair o clique do leitor curioso. Entretanto a falha inerente dessa estratégia pode trazer consequências terríveis para o debate público e a democracia como um todo, pois a falta de garantia de um juízo claro e direto advindo da relação do leitor com a matéria jornalística pode acarretar na formação de uma ideia deturpada sobre as intenções e o próprio significado do texto, causando assim imensas discórdias e polarizações, ainda mais num país com grande número de analfabetos funcionais como o Brasil.
Destarte, a relação promíscua entre o jornalismo e as redes sociais tende, como provado anteriormente, a causar problemas nas diversas esferas do debate público e da sociedade como um todo. Portanto, é mister do Governo Federal com apoio de agências de “fact-checking” a criação de programas de conscientização acerca das “fake news” e dos “clickbaits” por meio de propagandas em rede nacional de rádio e televisão e também na internet, onde esses problemas se manifestam. Desse modo há de se consolidar o que deve ser o objetivo do projeto como um todo, uma democracia de pessoas engajadas e que buscam as fontes e não se deixam enganar por qualquer coisa que seja.