Os efeitos da violência policial na sociedade brasileira

De acordo com o escritor Sérgio Buarque de Holanda, em seu livro “Raízes do Brasil”, há o desenvolvimento do fundamental conceito de “homem cordial” na história brasileira. Sendo assim, essa foi por muito tempo a imagem construída e divulgada para todo o mundo sobre o país, contudo há muitos abusos, principalmente, no âmbito policial por falta de uma melhor formação e fruto de uma violência estabelecida na sociedade. Além disso, a elite se beneficia e tem a mídia como aliada para suavizar os fatos enquanto os mais vulneráveis são mortos por visões preconceituosas e agressivas.

Em princípio, na obra “Raízes do Brasil”, se discute sobre o “homem cordial” ser uma contribuição brasileira para a civilização e ser aquele a estender-se na coletividade com bons modos e gentileza. Desse modo, é notável os recursos utilizados para mostrar o povo citado como ordeiro e da paz, todavia essa percepção encontra-se diferente da realidade na qual ocorrem constantes abusos da polícia que afetam diretamente os direitos humanos. Pode-se citar, por exemplo, a brutalidade desnecessária dos policiais causada por falta de ensinamentos de noções básicas sobre cidadania e bom senso contribuindo para a cultura da violência se enraizar no corpo social essencialmente coberta de visões estereotipadas sobre os marginalizados.

Ademais, a classe detentora do poder se utiliza desse cenário para a manutenção de seus privilégios e, em muitos casos, se torna conivente com as situações impostas aos mais vulneráveis. Em consonância, a mídia não se posiciona com a insistência devida diante dessa problemática e ainda, muitas vezes, tenta esconder do público as atitudes agressivas dos guardas e encobre o fato de o país conviver diariamente com assassinatos de inocentes. Por consequência, a falta de debate aprofundado sobre o assunto resulta na continuidade crescente a cada ano de mortes, sobretudo de negros e moradores de favelas, tal como no caso mais recente do jovem João Pedro de Mattos, 14 anos, morto durante uma ação policial em sua comunidade. Por fim, isso conclui a perspectiva brutal e preconceituosa de não todos, mas muitos daqueles que deveriam proteger e não assassinar.

Dessa forma, a sociedade civil em conjunto com a mídia deve intensificar debates acerca dessa temática e propor mudanças urgentes ao modo como os policiais são treinados a visar abordagens igualitárias e menos hostis com a população, por meio de manifestações e protestos incansáveis a fim de que a Lei possa ser cumprida intrínseca a conceitos de respeito e responsabilidade, com isso, o papel da organização policial de proteger será justo para todos.