Os efeitos da quarentena e da pandemia do novo coronavírus nas crianças

     A pandemia da covid-19 trouxe consigo inúmeras mudanças na vida da população mundial, em razão da adoção da quarentena como forma de prevenção da doença. Com isso, é possível notar que um dos principais grupos afetados com a medida é a população infantil, que sofreu grandes alterações em sua rotina devido à crise sanitária. Portanto, faz-se necessário analisar os efeitos da pandemia nas crianças, tanto no ambiente doméstico, cujas relações familiares foram afetadas, quanto no educacional, tendo em vista as mudanças ocorridas no modelo de ensino.

     Sob essa perspectiva, pode-se observar a dinâmica do meio familiar da criança, alterada com a quarentena. Nesse sentido, o filósofo Hippolyte Taine define as relações humanas por meio do chamado “Determinismo Social”, baseado na ideia de que o meio influencia diretamente as ações e concepções do indivíduo. A partir dessa conceituação, observa-se que, durante o isolamento social, que impossibilita o contato da criança com outras pessoas e atividades, existe a tendência desta se tornar mais dependente da atenção e dos cuidados dos pais. Entretanto, com a rotina dos pais também modificada – como, por exemplo, a adesão do modelo de trabalho em “home office” – estes, ainda que em casa, podem não ter tempo disponível o suficiente para atender todas as necessidades dos filhos. Desse modo, a criança tende a sentir-se abandonada pelas pessoas ao seu redor, e as relações familiares são prejudicadas.

     Ademais, as mudanças advindas da pandemia englobam, também, o desenvolvimento escolar da criança. Sob esse viés, a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional afirma que a educação se faz em diversos cenários, e que promovê-la é dever da família e do Estado. No entanto, no contexto da pandemia, surge um novo modelo de ensino, online, o qual permite que as crianças assistam às aulas de maneira remota. Todavia, sem o contato direto com o professor, necessita-se da supervisão dos pais que, desqualificados, acabam por não oferecer todo o suporte necessário para o desenvolvimento educacional pleno da criança, que pode terminar o ano escolar com déficits em seu aprendizado. Assim, percebe-se que o ensino infantil também sofre consequências negativas no cenário atual.

     Diante dos fatos mencionados, conclui-se que os efeitos da quarentena, nas crianças, englobam aspectos domésticos e educacionais. Dessa maneira, é dever do Ministério da Educação investir para que esses danos sejam reduzidos, com a melhoria do ensino a distância e o fornecimento de auxílio para os pais lidarem melhor com a situação, mediante a divulgação de atividades alternativas para se fazer em casa e de informações que instruam os pais sobre a supervisão eficiente das aulas. Dessa forma, as consequências da quarentena serão minimizadas, mantendo-se as relações familiares estáveis e sem prejudicar a educação das crianças.