Os efeitos da expansão da seca no Brasil

Na animação “Madagascar”, é retratado em um momento do filme os efeitos gerados pela falta de chuva na savana africana. Ao longo da obra, a seca extrema leva os personagens a tomar medidas drásticas para contornar o problema. Fora da ficção, a carência hídrica muitas vezes leva o ser humano ao desespero e, no Brasil não é diferente. Com a expansão da estiagem, sérias consequências passam a atormentar a população brasileira, tendo como origem principal, a saber, o uso indiscriminado de água pela agropecuária e o desflorestamento ilegal.

Em primeiro lugar, é importante lembrar que a agropecuária é disparada a que mais consome recursos hídricos no país. Acerca dessa questão, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 97% da água é gasta somente por esse setor, fato que evidencia sua despreocupação frente ao uso indiscriminado dessa riqueza natural. Ademais, cabe salientar o papel do desmatamento na manutenção dessa problemática. Nesse sentido, faz-se necessário apontar para as florestas como os grandes irrigadores do mundo, pois, com o fenômeno da evapotranspiração, o vapor d’água pode ser transportado para zonas mais secas do Brasil. Sendo assim, infere-se que a conservação das matas é essencial para uma mudança de panorama.

Além disso, cabe pontuar as consequências geradas pela estiagem em território nacional. Dentre as mais severas, pode-se citar o aumento das queimadas, a redução de água disponível para uso doméstico e, principalmente, a diminuição da produção energética, uma vez que o país é dependente da produtividade das hidrelétricas, sendo a Itaipu, criada no Regime Militar e maior fornecedora brasileira de eletricidade, um exemplo de sua importância.

Portanto, urge a necessidade do Estado brasileiro ter uma mudança de postura frente ao problema em questão. Posto isso, é essencial que a Agência Nacional das Águas (ANA) trabalhe com o objetivo de fiscalizar o consumo de água pelo setor agroindustrial. Para isso, munida de agentes fiscalizadores, deve atuar monitorando os grandes latifúndios e suas práticas de irrigação e uso hídrico para que assim, verifique se não há excessos. Ademais, é imprescindível a ação do Ministério do Meio Ambiente em proteger áreas florestadas em todo território nacional a fim de impedir o desmatamento ilegal nessas zonas, pois somente com a atenção devida dos órgão públicos, é possível contornar os tristes danos gerados pela seca no país.