Os efeitos da cultura do cancelamento na sociedade atual Stoodi

No filme “Seven”, retrata-se a psicopatia – tendência a não se sensibilizar com a dor alheia – de um serial killer que mata as pessoas por considerar que elas cometeram erros morais. Nesse sentido, o comportamento de “cancelar” alguém – criticar e excluir de um meio social – está presente hodiernamente, principalmente no meio cibernético. No entanto, esse fato prejudica a vida em sociedade e, com o fito de solucioná-la, deve-se compreender as suas causas: o individualismo e a má formação familiar.

Dessa forma, em primeiro lugar, vale ressaltar o modo pelo qual a cultura do cancelamento é uma forma de egocentrismo e, portanto, prejudica o corpo social. Nesse ínterim, o filósofo polonês Zygmund Bauman afirma que a população contemporânea está pautada no egoísmo. Outrossim, percebe-se, na contemporaneidade, o ato de anular a participação de alguém que, supostamente, contraria princípios éticos, o que é uma atitude individualista, pois, muitas vezes, o cancelamento ocorre por motivos banais, como divergências ideológicas. Além do mais, excluir alguém socialmente por uma atitude considerada errada é egoísmo, porque não se coloca no lugar do cancelado, que é passível de erros como a maioria dos seres humanos, por isso, essa mentalidade egoica deve ser superada.

Ademais, é imprescindível compreender o modo pelo qual uma formação familiar inadequada contribui para a perpetuidade do problema no Brasil. Nesse contexto, o filósofo e matemático Pitágoras afirmou que é melhor educar as crianças do que castigar os adultos. De maneira idêntica, nota-se, nos tempos hodiernos, a necessidade de promover uma educação familiar adequada para os mais jovens, a fim de que não excluam as pessoas por meio da internet. Por outro lado, a instrução ineficaz, por parte dos responsáveis, contribui para que os mais novos tendam a imitar o comportamento de “cancelar” indivíduos em redes sociais, o que poderia ser evitado caso houvesse uma demonstração das consequências negativas de tais atitudes.

Depreende-se, portanto, que cabe ao Poder Legislativo, por meio de decretos de lei, aplicar pena de multa as pessoas que ofenderem e/ou incitarem a exclusão social – semelhantemente a já estabelecida punição ao cyberbullying -, tanto na internet, quanto no mundo real, com o intuito de desestimular essa conduta na contemporaneidade. Além disso, cabe aos responsáveis pela criação de crianças e adolescentes, por meio do diálogo, instruir  sobre os efeitos negativos do cancelamento para a sociedade atual,  direcionando-os a não concordarem com a anulação da participação de pessoas em comunidades sociais.