Os desafios no combate à obesidade infantil no Brasil.

A obra “O grito”, do pintor norueguês Edward Munch, retrata uma figura em um profundo momento de desespero e preocupação. De maneira análoga à obra expressionista, tal situação de desconforto também se faz presente no atual cenário brasileiro, visto que parte do tecido social sofre com a obesidade infantil. Nesse sentido, é válido afirmar que a lacuna educacional e a omissão familiar contribuem para a perpetuação desse panorama negativo.

Sob esse viés, é lícito postular a falha no sistema educacional como impulsionadora dessa problemática. Para entender essa lógica, alude-se a fala da doutora Maria Paula de Albuquerque, gerente médica do CREN, Centro de Recuperação e Educação Nutricional, a qual afirmou que a alfabetização alimentar é uma das coisas mais importantes a se ensinar no mundo hodierno. No entanto, ao observar a falta de disciplinas específicas na maioria das escolas, bem como a pouca ocorrência de debates e palestras com especialistas da área nutricional no ambiente escolar, nota-se o rompimento do aspecto exposto pela doutora. Dessa forma, paralelo ao alto índice de excesso de peso infantil, cresce também os casos de doenças crônico-degenerativas, como o diabetes.

Ademais, vale ressaltar a negligência familiar e sua intrínseca relação com a obesidade infantil no Brasil. Nesse contexto, observa-se que uma parcela dos pais atuam de forma passiva na formação alimentar, física e emocional dos filhos. Seguindo esse parâmetro, o minúsculo incentivo dos responsáveis legais para a prática de atividades físicas, bem como ineficaz controle dos mesmos, deixando as crianças e adolescentes comerem alimentos de baixo valor nutricional, por exemplo, são fatores que potencializam ainda mais o entrave supracitado e evidenciam a omissão da família. Assim, parafraseando o filósofo Mário Sérgio Cortela, para que o mal perpetue, basta que os homens bons nada façam.

Sem dúvida, medidas são necessárias para resolver o impasse. Logo, o Ministério da Educação deve, por meio de um projeto de lei entregue à Câmara dos deputados, inserir na grade curricular das escolas, desde o ensino básico ao superior, matérias sobre educação alimentar, com o fito de proporcionar aos estudantes um conhecimento adequado sobre o assunto. Além disso, é imperioso que as ONGs relacionadas a crianças e adolescentes, por intermédio de palestras e debates com especialistas no tema, proponham aos pais e responsáveis uma postura mais ativa na vida alimentar, educacional e física dos filhos. Espera-se, com essas ações, diminuir os desafios no combate da obesidade infantil no país.